A desaceleração econômica foi fortemente sentida pela indústria brasileira de embalagens, que, na contramão das previsões iniciais, deverá encerrar 2012 com produção física menor do que a verificada no ano passado. Nem mesmo a reação esboçada no começo do segundo semestre será capaz de reverter a baixa de 3,49% apurada nos seis primeiros meses do ano, com destaque para a queda de 4,41% entre janeiro e março.
De acordo com balanço setorial divulgado ontem pela Associação Brasileira de Embalagem (Abre), em parceria com o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (IBRE/FGV), a produção de embalagens deverá recuar 1% neste ano, ante projeção inicial que indicava alta de 1,6%.
De acordo com Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas do IBRE/FGV, as diversas medidas de estímulo anunciadas pelo governo deverão beneficiar, indiretamente, a produção e impulsionar a área de embalagens até dezembro. "Os efeitos dessas medidas já começam a aparecer."
Conforme o estudo, a produção nacional de embalagens deverá crescer 0,5% entre julho e setembro e 2,5% no quarto trimestre, na comparação com os mesmos intervalos de 2011. Dessa forma, comentou Quadros, no acumulado do segundo semestre, a produção deverá registrar alta de 1,5%, frente ao verificado em igual período anterior. "Há fortes indícios de que o segundo semestre será positivo para o setor, mas ainda sem força para compensar a perda do primeiro semestre", reiterou.
De janeiro a junho, a maior queda na produção física foi registrada no segmento de embalagens de vidro, com baixa de 10,88% frente ao verificado um ano antes. Em seguida, as embalagens de madeira mostraram retração de 8,08%, na mesma base de comparação. O único segmento com desempenho positivo no semestre foi o de embalagens de papel, papelão e cartão, com alta de 1,36%.
Conforme Quadros, as embalagens de papelão ondulado deram especial contribuição para o desempenho positivo do segmento. "Esse é um setor que costuma apresentar maior estabilidade, porque vende para um leque amplo de clientes. Não fica exposto a um grupo limitado", explicou. No início do segundo semestre, acrescentou Quadros, as embalagens de plástico também passaram a contribuir de maneira positiva.
O balanço setorial aponta ainda que a receita líquida das fabricantes brasileiras de embalagens deverá somar R$ 47 bilhões neste ano, com expansão de 5% ante R$ 44,7 bilhões em 2011. Além do levantamento, o IBRE/FGV apresentou a sondagem da indústria de embalagem, realizada entre os dias 5 e 27 de julho com 130 empresas, que juntas vendem R$ 19,5 bilhões. Conforme Quadros, o setor deu mostras de que espera um movimento de recuperação nos próximos seis meses, porém ainda com cautela.
Veículo: Valor Econômico