Não são apenas a chegada da primavera, nesta semana, e datas comemorativas como o Dia das Mães, dos Namorados e Finados que estimulam o comércio de flores. O aumento do poder aquisitivo da população também tem estimulado os investimentos em bem-estar, como em itens de decoração, e com isso o consumo cresceu. Passou a fazer parte do dia a dia. Hoje, o consumo per capita no País é de US$ 5 anuais e há espaço para elevar esta cifra, pois a Argentina consome US$ 25 anuais em plantas e flores e a Holanda, US$ 180.
A expectativa do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), da Câmara Setorial de Plantas e Flores e da Cooperativa Veiling Holambra é de que o mercado deve crescer de 12% a 15% neste ano frente aos resultados de 2011, o que significa que deve movimentar cerca de R$ 4,3 bilhões.
O segmento tem observado elevações de 8% a 12% nos volumes comercializados e de 15% a 17% nas receitas desde 2006. Para Marcos Alexandre, diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Flores e Plantas Ornamentais do Estado de São Paulo (Sindiflores), estes números são consequência das mudanças nos padrões de consumo do brasileiro porque parte expressiva da população passou a adquirir flores para enfeitar sua casa em ocasiões especiais.
Ele opina que a produção brasileira se consolidou, com investimentos na produção e em técnicas de cultivo mais aperfeiçoadas. Por isso, os índices de produtividade cresceram e ampliaram os postos de trabalho. "Hoje, cada hectare destinado ao cultivo de flores emprega dez pessoas, enquanto o cultivo de alimentos como batata e tomate, por exemplo, necessita de três trabalhadores rurais", diz.
Mercado – Números da Câmara Setorial Federal indicam que há nove mil produtores de flores e plantas em todo o País, responsáveis pelo cultivo de mais de 350 espécies, o que equivale a cerca de 2,5 mil variedades. Seus estudos apontam que o segmento gera 194 mil postos de trabalho. Deste total, 49,5% trabalham na produção, 39,7% atuam no varejo, 3,1% nas atividades de distribuição e 7,7% nas tarefas de apoio.
Atualmente, o Estado de São Paulo é o maior consumidor de flores do País, segundo os dados do Sindiflores. Ele detém 70% da produção brasileira, com consumo per capita anual de US$ 12, o maior em todo o território brasileiro. Por isso, Alexandre lembra que o importante pólo produtor de Holambra situa-se no interior paulista e que este se desenvolveu porque concentra os produtores com a melhor formação técnica.
Segundo ele, fazem parte do grupo engenheiros agrônomos e descendentes de europeus que foram estudar na Holanda, país europeu com larga tradição no cultivo de flores e plantas ornamentais, e em Israel para aprender as técnicas de plantio que têm como base a irrigação.
Apesar destas condições favoráveis, o Brasil ainda não explora todo o potencial do mercado de flores e arranjos ornamentais, na avaliação do diretor do Sindiflores. Ele diz que a produção é maior que o consumo, que é exportada. Assim, Alexandre sustenta que as feiras são um bom instrumento para escoar a produção e, ao mesmo tempo, incentivar o consumo.
Além da Expoflora, cuja 31ª edição acontece até o dia 23, há outras feiras no interior paulista e em outros estados que estimulam o cultivo e o consumo.
Espaço permanente –Toda esta expansão fez com que o maior entreposto de produtos hortifrutigranjeiros do Estado de São Paulo, a Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (Ceagesp), planeje criar um espaço permanente para flores e plantas ornamentais, pois a área destinada a estes produtos já não encontra espaço físico para expansão. O economista Flávio Godas explica que o total comercializado atingiu a marca de 37.158 toneladas de janeiro a agosto deste ano, com aumento de 12,8% frente ao mesmo período de 2011. Nos primeiros oito meses deste ano, o segmento gerou receita de R$ 188,9 milhões, cifra 32,1% superior aos meses de janeiro a agosto do ano passado.
Tendências de uso profissional
A 31ª edição da Expoflora aposta no lançamento de variedades de lírios (dourados e Tiny Double You) sem pólen, além de diversos tipos de orquídeas, antúrios e buquês de flores do campo.
A mostra, aberta a produtores e ao público em geral, apresenta as últimas tendências, como o uso da açucena – variedade de flores coloridas, que começa a ser usada em projetos paisagísticos.
De acordo com os organizadores, o objetivo do evento é a apresentação de novidades que apontam tendências de uso profissional. Os expositores utilizam a mostra para testar novidades e iniciar contatos com futuros clientes. Não são realizados negócios durante a exposição. Neste ano, eles apostam também no crescimento das plantas de corte, que são rosas, lírios, crisântemos, alstroeméria e folhagens em geral.
Por isso, o evento foi dividido em seis ambientes. Destaque para o Lounge das Flores, que abriga um ambiente decorado com mesas, flores aéreas, arranjos de folhagens verdes e um piano, muito utilizado em festas de casamento. O outro ficou conhecido como Tenda dos Amores, onde as rosas são o principal destaque.
Veículo: Diário do Comércio - SP