O destino de cinco unidades da área de produtos in natura da Doux na França foi definido nos últimos dias, mas o futuro dos segmentos de produtos elaborados e exportação da companhia, que está em liquidação judicial, só deve ficar claro nos próximos dois meses. O tribunal de comércio de Quimper validou na semana passada as ofertas de aquisição dessas cinco unidades de forma "fatiada".
Segundo a imprensa francesa, a decisão deve salvar apenas entre 700 e 800 empregos de um total de 1,7 mil do segmento de produtos in natura da Doux. O tribunal validou a oferta da empresa LDC pelos abatedouros das localidades de Laval e Sérent. Associadas, as companhias Duc e Glon Sanders ficarão com a fábrica de Boynes. Sozinha, a Glon Sanders fez oferta pela usina de Blancafort. A unidade de Pleucadeuc ficará com a própria Doux, como parte de seu plano de continuação.
Outras três fábricas do polo de produtos in natura da Doux, localizadas em Graincourt, Vraie-Croix e Pontet, foram liquidadas, já que não houve interessados em adquiri-las.
O tribunal de Quimper também estabeleceu no julgamento da semana passada um período de observação, até 30 de novembro, para definir o destino das áreas de produtos elaborados e de exportação da ex-lider europeia de aves. Também existem propostas de aquisição para algumas unidades desses segmentos, mas de forma parcial.
O recurso à venda "fatiada" dos ativos da Doux sempre foi criticado pelos empregados da companhia, que temiam uma supressão de postos de trabalho, agora confirmada. O governo francês também vinha declarando, desde o agravamento da crise da Doux, no primeiro semestre deste ano, rejeitar essa saída.
Mas não houve oferta por todos os ativos da empresa em conjunto, e o tribunal de comércio acabou decidindo pelo "menos pior". Juntas as áreas de produtos in natura, elaborados e exportação da Doux empregavam cerca de 3,4 mil pessoas na França antes de a empresa entrar em recuperação judicial, em junho.
Com dívidas bancárias estimadas em € 430 milhões, a Doux vinha enfrentando dificuldades financeiras já há alguns anos. Mas a crise mundial agravou a situação da companhia. Na operação brasileira da companhia - a Doux Frangosul -, os atrasos de pagamentos a produtores integrados viraram rotina nos ultimos anos.
Diante dessas dificuldades, a empresa já vinha buscando uma saída para sua subsidiária brasileira. E esta surgiu antes de a situação degringolar totalmente em nivel global. Em maio, a Doux arrendou as unidades do Brasil para a JBS por dez anos com opção de compra.
Veículo: Valor Econômico