Os embarques de fumo à China devem movimentar US$ 500 milhões neste ano, ou 31,5% a mais do que em 2011. A estimativa é do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco), com base em "informações dadas pelos próprios chineses".
Para entrar nos planos do país asiático, que vem se consolidando como a maior consumidor do produto brasileiro, os estados de Santa Catarina e Paraná tentam ser enquadrados nas rigorosas exigências sanitárias chinesas.
A Bahia levou três anos, desde 2009, para garantir que a área do Recôncavo está livre do "mofo-azul" - praga da fumicultura e principal preocupação chinesa - e obter o aval para exportação.
Junto a Alagoas, que produz fumo de corda, os baianos, com tabaco para charutos, devem embarcar ao país, neste ano, cerca de US$ 200 milhões, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
O líder dos embarques, contudo, continua a ser o Rio Grande do Sul, que representa 53% da produção nacional, estimada em 710 mil toneladas em 2012, e exporta à China desde 2008.
"A China costuma comprar tabaco do Zimbábue, no sul da África, mas houve um problema: a reforma agrária desmantelou o sistema de produção do país", contextualiza o presidente do Sinditabaco, Iro Schünke. "O Brasil está aproveitando essa brecha deixada pelo Zimbábue. No ano passado, a China foi o maior importador de fumo do País. Neste ano, será de novo", afirma o representante da indústria tabagista.
Do lado da base produtiva, o presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Benício Werner, observa que as importações chinesas têm puxado positivamente a balança comercial brasileira de tabaco.
Entre janeiro e agosto, o Brasil exportou 409,2 mil toneladas, ou US$ 2 bilhões, de "fumo e seus produtos", de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Em comparação ao acumulado de 2011, as variações de volume (25,5%) e receita (16%) são positivas. "É uma melhora, e o que se tem em relação às exportações à China é expectativa de aumento ainda maior", diz Werner.
Recôncavo baiano
Para os fumicultores da região conhecida por Recôncavo, na Bahia, a abertura do mercado chinês é uma oportunidade de retomar a produção dos anos 1980, quando de lá saíam 200 milhões de charutos por ano. Hoje, porém, não passa de dez milhões.
"Esperamos reabertura de fábricas e contratação de mão de obra, em especial, feminina", expressa um porta-voz da Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária da Bahia.
Para provar aos chineses que o Recôncavo não tem problemas com o "mofo-azul", técnicos da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) e do Mapa realizaram 850 inquéritos sanitários em busca do fungo na região - todos deram negativos.
A fumicultura local é constituída por 2.400 propriedades rurais - 95% de pequeno porte (1,5 a dois hectares) que produzem a "bucha" utilizada no interior de charutos, enquanto os grandes produtores beneficiam o tabaco para vender a "capa" do produto.
Paraná e Santa Catarina
O diretor do Departamento de Sanidade Vegetal do Mapa, Cosám Coutinho, afirma que "só falta afinar um protocolo e receber uma missão da China" para que os paranaenses e os catarinenses estejam aptos a participar das exportações de tabaco ao país asiático. Cosám, contudo, não dá previsões de quando isso poderá, enfim, acontecer.
Veículo: DCI