Jogos eletrônicos formam mercado bilionário

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O mercado global de jogos eletrônicos (games) tem apresentado crescimento acelerado. No Brasil, vários empreendedores perceberam a demanda e, desde então, surgem lojas especializadas, como a Action Games. Para 2014, estima-se crescimento de 25% no País em volume de produtos do segmento comercializados. Estudos indicam também que o setor pode chegar a US$ 3 bilhões nos próximos anos, apenas no mercado interno.

Alguns dados desse nicho de mercado foram levantados por empresas como a PriceWaterhouseCoopers LLP (PwC) e a Wilkofsky Gruen Associates (W&G). Outras informações como a de que, para atingir números bilionários no País, no entanto, alguns gargalos precisam ser resolvidos, são apontadas pelo Conselho de Economia Criativa da Federação do Comércio e Serviços do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP). Entre eles, os impostos que incidem sobre essa indústria, além dos debates acerca da violência de alguns games amplamente comercializados no mercado global.

Enquanto isso, e para fomentar o segmento, entre os dias 11 e 14 de outubro, o Expo Center Norte, na capital paulista, será palco da 5ª edição da Brasil Game Show (BGS). Conforme os organizadores, a previsão é receber mais de 70 mil visitantes. A iniciativa da promoção do evento visa justamente a expandir a área de atuação do setor, ao promover edições no Rio de Janeiro e São Paulo. Nesta edição, um dos expositores será a Abbley, entidade brasileira que importa e distribui produtos eletrônicos tidos como de alta tecnologia, e outras empresas.

Como negócio, a área demonstra potencial e a feira surge para comprovar isso. Apenas no ano passado, a NC Games, maior distribuidora de jogos da América Latina, previa crescer 80% até o fim deste ano, com base nos R$ 200 milhões que planejava arrecadar em 2011. O número já significaria aumento de 30%, em âmbito nacional.

No caso da feira, a Riot Games estará presente pela primeira vez, e promete levar ao público o maior campeonato já realizado na história dos esportes eletrônicos (competições de jogos virtuais) no Brasil, com premiação de US$ 80 mil. As partidas serão realizadas entre as principais equipes brasileiras de League of Legends, o Multiplayer Online Battle Arena (Moba), o game mais jogado do mundo na atualidade, garante a empresa.

Já a Abbley promoverá um produto da Fructel, empresa sueca de periféricos para smartphones voltados aos jogos. Trata-se do Gametel, um controle bluetooth que permite aos fascinados por games a experiência mais envolvente e eficaz em smartphones e tablets, por meio dos dispositivos Android e iOS. Para utilizar o aparelho, que tem bateria interna e autonomia para até nove horas, basta acoplá-lo ao smartphone com o braço retrátil, e explorar os botões físicos. O controle portátil também é compatível aos tablets, e pode ser ligado a uma televisão, através de uma porta HDMI, ou utilizando a AppleTV como um console de videogame, explicam representantes da empresa.

De acordo com Paulo Fernandes, diretor-executivo da Riot Games Brasil, o País é um dos principais mercados de atuação da empresa, que inaugurou neste ano seu escritório regional. Com sede na Califórnia (EUA), a Riot também tem escritórios em outros países e atua em cidades como Dublin, Seul e Istambul. "[a BGS] é uma das principais feiras voltadas ao público de games, contando com a participação de grandes produtoras e desenvolvedoras de jogos. Neste ano levaremos diversas novidades à feira", comentou Fernandes, por meio de nota.

Vício e violência

Tem sido recorrente o debate acerca do aumento de horas que crianças, jovens e adultos passam à frente do computador por causa de games. Para a professora do curso de Letras da Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), Denise Cordeiro Canal, que ministra a disciplina Psicologia da Educação, há preocupação de aumento da violência inserida em meio à diversão em alguns jogos. Como crianças e jovens jogam em excessivo número de horas, ou sem controle por faixa etária, há aumento nos casos de abertura a problemas de vício e isolamento social. "Isto segue de uma maneira até alarmante. Os futuros professores e, claro, os pais, têm de prestar cada vez mais atenção nesta questão", aponta.

Questionada sobre o crescimento dos jogos on-line no Brasil, em alguns casos extremamente violentos, Miriam Gorender, presidente da Associação Psiquiátrica da Bahia, doutora em Ciências da Saúde pelo Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), aponta que "o importante é evitar um aumento do número de pais insensíveis". Para ela, as crianças refletem os comportamentos cotidianos, "e o bom exemplo e o afeto dos pais é, de longe, muito mais importante do que exposição ou não a games", destaca ela.

O debate é levantado porque esses artigos e brinquedos eletrônicos são alguns dos produtos de interesse dos pais para presentear os filhos no próximo Dia da Criança (12). Período este, que, aliás, deverá incrementar em até 14% as vendas de brinquedos, ante igual data de 2011, nos centros de compras, conforme estimativa da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), cujo presidente é Nabil Sahyoun.

Mundo da fantasia

Com relação ao mundo imaginário que envolve os cenários dos videogames, para a psicanalista Miriam Gorender, Psiquiatra da UFRJ, as crianças sadias sabem, sim, diferenciar realidade e fantasia. "O impulso à violência existe em qualquer ser humano. Videogames, filmes ou programas de televisão podem dar uma forma específica a um comportamento que iria se manifestar de qualquer maneira", argumenta ela, a respeito de crimes cometidos por jovens que têm comprovado vício em jogos violentos.

A opinião da especialista ganha corpo quando a sociedade vê que nem só de jogos competitivos vive o mercado de games. Um grupo de alunos do curso de programação de jogos do Núcleo Avançado em Educação, do instituto Oi Futuro, da operadora Oi, desenvolveu três games para deficientes visuais e que são compatíveis com iPad e Android.

Os produtos são ativados por voz ou sensor de movimentos e para desenvolvê-los, os jovens, que têm de 16 a 17 anos, realizaram uma pesquisa sobre mídia para pessoas com deficiência visual e foram ao Instituto Benjamin Constant conversar com o público-alvo. Os games devem ser disponíveis para download gratuito no site da Apple.


Veículo: DCI


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