Pão de queijo e frutas tropicais são os produtos que consumidores russos familiarizados com coisas brasileiras gostariam de ver nas prateleiras russas.
Na pesquisa feita pelo consultor de comércio bilateral Sérgio Lessa, também aparecem os cosméticos naturais.
Das frutas brasileiras apreciadas por esses consumidores, apenas mamão "gold" e manga "gold" são exportados para lá em quantidades significativas.
As demais provêm de outros países. Por exemplo, a carambola vem da Malásia e a banana é proveniente da América Central.
Entretanto, uma única empresária russa está fazendo sucesso com a importação de açaí (leia texto na pág. B7).
Quanto aos produtos de beleza, segundo Lessa, um grande filão pode se abrir para exportadores brasileiros, pois na Rússia há uma grande procura por cosméticos naturais, que são extremamente difíceis de encontrar no mercado russo, tanto entre as marcas internacionais como entre as russas.
Carnes de boi e de porco e açúcar dominam 70% das exportações
Embora as perspectivas para as exportações de produtos industrializados para a Rússia sejam boas, os valores são ínfimos se comparados aos das commodities.
De janeiro a agosto, o Brasil exportou US$ 15 milhões em calçados para a Rússia e US$ 1,5 milhão em joias e pedras lapidadas. Só a carne bovina chegou a US$ 765 milhões, ou 45 vezes mais que os artigos de luxo.
Os três principais produtos vendidos para a Rússia -carne bovina, açúcar e carne suína- respondem por 70% da receita de exportação.
Tamanha concentração deixa a balança comercial vulnerável às barreiras sanitárias impostas pelos russos.
Neste ano, as exportações são prejudicadas principalmente pelo embargo à carne suína -que provocou retração de 63% nos embarques.
Pedro de Camargo Neto, presidente da associação dos exportadores de suínos, acredita que a entrada da Rússia na OMC pode intimidar a adoção de barreiras sanitárias. "Mas não haverá mudança rápida e drástica", diz.
Veículo: Folha de S.Paulo