Indústria migra para varejo e amplia margem

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Empresas que antes estavam envolvidas apenas no processo de fabricação de produtos chegam agora ao consumidor final, abrindo suas próprias lojas dentro do varejo brasileiro. A tendência é observada tanto entre os grandes nomes, como a sul-coreana Samsung, como entre companhias menores, em diversos segmentos de atuação. Dando um passo à frente em seus negócios, as empresas que adotam a estratégia dispensam a intermediação de lojistas, uma forma atraente de ampliar suas margens de lucro.

A ideia já orientou grandes marcas no passado, como Hering, Havaianas e Samello, e hoje inspira novos empresários. A fabricante de sapatos Anzetutto deixou de ser somente fábrica em 2008, quando abriu uma loja em Porto Alegre (RS). O sucesso do espaço fez com que, dois anos depois, a marca chegasse a São Paulo e hoje já existem planos de expansão para novas regiões.

"As lojas otimizam a produção das fábricas e representam cerca de 10% do faturamento total da empresa", conta Bruna Paese, proprietária da marca.

Bruna é filha de Valter Paese, designer que na década de 1980 fundou, em Novo Hamburgo (RS), a sua própria fábrica de sapatos. Atualmente a companhia fabrica cerca de mil pares por dia, vende seus produtos a pelo menos 300 lojas no Brasil, exporta a diversos países e ainda tem entre seus clientes a presidente Dilma Rousseff.

Espaço conceito

Na última semana, a Unilever, responsável pela Kibon, lançou em São Paulo a Magnum Store , loja-conceito da marca de sorvetes premium da empresa. O modelo já operava em cidades como Paris, na França, e Istambul, na Turquia, e chega agora ao Brasil.

"Nós queremos aproximar o cliente da marca. A loja vai funcionar por um período limitado, até o fim do ano, para criar certa exclusividade e para trazer as pessoas até aqui", explica Christof Tremp, gerente de Desenvolvimento da Magnum e responsável pelas lojas-conceito da marca nos outros países.

"Existe a possibilidade de estender a duração, mas a princípio ela foi pensada como algo temporário. Nos outros países também foi assim. Nós agora temos planos para o mundo inteiro, incluindo outras cidades do Brasil. Estamos felizes por estar aqui e nossas próximas lojas devem ser na América Latina, Europa e Ásia", diz Tremp.

Para Isabel Masagão, gerente de Marketin da Kibon, a loja já é bem-sucedida. "Estamos replicando o modelo global e em nossa loja o cliente pode ter uma experiência bem diferenciada. O sucesso está sendo tanto que estamos avaliando como levar essa experiência para outros lugares, além de São Paulo", comenta.

Na opinião de Marcel Sacco, diretor-geral do Banco de Eventos, agência responsável pelo espaço Magnum, ambientes assim são a maneira mais efetiva de proporcionar experiências e ampliar o nome de uma marca. "O espaço conceito cria uma referência da empresa e vem atualmente como uma tendência forte", afirma.

Estratégia

A Pumar, empresa familiar fundada há 80 anos na cidade do Rio de Janeiro, é especializada na fabricação de guarda-chuvas e acaba de lançar suas primeiras lojas próprias no Rio de Janeiro e em São Paulo. Sob o comando da terceira geração, a meta da rede é até 2013 inaugurar 50 unidades, no formato de loja ou quiosque, com um investimento de cerca de R$ 3 milhões.

"Tudo começou com meu avô, que veio da Espanha, e fundou inicialmente uma loja de conserto de guarda-chuvas. O negócio cresceu e virou uma fábrica", conta Lúcia Pumar, CEO da empresa.

Com a invasão de produtos importados no Brasil, a empresa começou a enfrentar dificuldades. "Nós fabricávamos as armações dos guarda-chuvas e assim foi até os anos 90, quando começaram a chegar os produtos chineses que tomaram o mercado. Tivemos que nos reinventar. Começamos a fazer o produto completo, não só a armação, e entramos na linha corporativa. Hoje a fábrica trabalha nos segmentos de sol e chuva, com brindes, guarda-sol, capa de chuva, cadeira de praia, bolsa, viseira e outros itens", explica.

Lúcia conta que a ideia das lojas próprias foi mais uma das estratégias para enfrentar a concorrência dos produtos chineses. "Há um ano e meio criamos uma marca própria, Maria Pumar, e, para inseri-la no varejo, primeiro a colocamos em showroom para outras lojas. Mas, em junho deste ano, inauguramos nossa loja própria, em Ipanema", comenta.

No mês passado foi a vez de São Paulo de receber a primeira loja da rede, com o objetivo de aumentar o faturamento da marca em até 25%.

"Nos próximos seis meses teremos até dez novas lojas. Tem muita gente nos procurando, querendo abrir uma franquia. Mas entendemos que primeiro temos que consolidar nossas lojas para depois então abrir para o modelo de franquias. Ainda é tudo muito novo", analisa Lúcia.

Entre os futuros planos da empresa estão a internacionalização da marca e as vendas on-line. A Maria Pumar fechou 2011 com um faturamento de R$ 9 milhões.

Samsung

A multinacional Samsung inaugurou recentemente sua segunda loja franqueada no País, localizada no Shopping Villa Lobos, em São Paulo, e planeja fechar o ano com pelo menos dez unidades em funcionamento no Brasil. No local são comercializados diversos produtos eletrônicos da marca, como celulares, tablets, câmeras, smartphones e notebooks.

"Serão dez as lojas até o final do ano, todas nesse modelo de franquia, com o mesmo formato, treinamento e serviços", explica Michel Piestun, vice-presidente de Telecom da Samsung. Segundo o executivo, algumas das próximas cidades a receber a marca serão Salvador (BA), Rio de Janeiro (RJ), Ribeirão Preto (SP), Campinas (SP), Brasília (DF), Recife (PE) e Manaus (AM).

Seguindo um mesmo padrão, as lojas têm a intenção de aproximar a marca do consumidor e promover a venda de smartphones e tablets. "O objetivo da loja é dar uma consultoria. A pessoa não vem aqui para comprar um telefone, mas ela vai acabar comprando um telefone. Ela vem aqui para aprender, vamos até fazer um treinamento depois, mês que vem abrem as inscrições no site", comenta Piestun.

Para o empresário, o cliente vai até a loja para conhecer e aprender e, ao se entusiasmar com o produto, acaba ficando interessado na compra. "É uma loja-conceito, mas com objetivo de venda. Como é franqueada, ela sobrevive do lucro, então o objetivo é vender", completa.

 

Veículo: DCI


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