À medida que o varejo passou a apostar em segurança, um dos maiores fatores de queda da rentabilidade do setor, a indústria de sistemas de proteção avançou e hoje já movimenta cerca de US$ 1,8 bilhão e cresce em média 9% ao ano, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese).
Na esteira dessa expansão, a fabricante de sistemas de proteção eletrônica de mercadorias Gunnebo Gateway Brasil espera crescer 30% ainda neste ano, atingindo receita de R$ 85 milhões no País. A empresa sueca avança rapidamente no mercado de prevenção de perdas no varejo e agora quer ganhar também o segmento de cofres.
Produtos vencidos, extraviados e até furtados fazem com que o varejo deixe de movimentar um montante que beira a casa dos bilhões. Dentre os diversos segmentos, o mais suscetível a problemas é o supermercadista, como explica o presidente do comitê de prevenção de perdas do Instituto Brasileiro de Executivos do Varejo (Ibevar), Carlos Eduardo Santos. "O autosserviço é o mais afetado, pois opera com perecíveis", disse. Ele acrescenta que, por manusear produtos que estragam e ter operações nas mais variadas regiões do País, redes como o Grupo Pão de Açúcar (GPA) e o Walmart, entre outros players, perderam em 2011 cerca de 1,96% da receita operacional, segundo levantamento do Programa de Administração do Varejo da Fundação Instituto de Administração (Provar/FIA).
Multinacional de segurança planeja aquisições no País
A fabricante de sistemas de proteção eletrônica de mercadorias Gunnebo Gateway Brasil espera crescer 30% este ano, atingindo receita de R$ 85 milhões no País. A empresa de origem sueca avança rapidamente no mercado nacional de prevenção de perdas no varejo e quer agora ganhar também o segmento de cofres, inicialmente através de produção terceirizada, mas já de olho em possíveis aquisições, para dar início à fabricação local própria.
Tendo entre seus clientes grandes varejistas, como C&A, Droga Raia, Leroy Merlin, Livrarias Saraiva, Lojas Americanas e Walmart, a empresa cresce ao adotar no Brasil uma estratégia diferente de sua matriz europeia. "Focamos no relacionamento com o usuário final, coisa que na Gateway internacional não era comum, pois ela é uma empresa que fornecia e desenvolvia produtos a outras empresas do segmento [de segurança]", explica o diretor de Comunicação Luiz Fernando Sambugaro.
A Gunnebo absorveu a também sueca Gateway, tendo aumentado sua participação na divisão brasileira da companhia de 50% para 80%. No País, a empresa trabalha com antenas antifurto, etiquetas rígidas e adesivas e cadeados eletrônicos, além de circuitos fechados de televisão.
"Nosso crescimento ultrapassa 25% ao ano nos últimos quatro anos", diz o executivo. "Com o investimento realizado na aquisição da empresa local, o objetivo é poder assumir outras responsabilidades, trazendo produtos e, eventualmente, nos próximos dois anos, realizando a aquisição de novas empresas", adianta.
Com uma planta no Brasil, a Gunnebo Gateway produz aqui antenas antifurto e alguns modelos de etiquetas, montando localmente ou importando os demais itens de seu portfólio. "Dependendo do custo da produção local e do patamar cambial, importamos mais ou menos produtos acabados", afirma o diretor.
A companhia atua no varejo com um modelo de logística reversa. Nele, os produtos são etiquetados na origem, ainda na fábrica do fornecedor, reduzindo o trabalho feito na loja. Após a realização da venda do produto, as etiquetas rígidas são recolhidas, para serem reutilizadas em novos pedidos. "Essa é uma criação local, que tem expandido significativamente nosso negócios junto às grandes e médias cadeias", diz. E a produção nacional permite aquisição através da linha de crédito Finame, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
Novo segmento
A empresa deu início ao projeto, que deve ser definido nos próximos 90 dias, de produção de um cofre nacional. "Será um cofre específico para o varejo, neste primeiro momento", conta Sambugaro. A empresa deve importar o coração do produto e o software de gestão, fabricando o cofre em si no País. "Vamos terceirizar, a princípio, mas a ideia da companhia é criar uma nova empresa nacional para a produção própria", afirma o diretor.
O prazo para isso dependerá do desenvolvimento deste novo mercado. "Quanto maior for o volume e maior a qualidade local, essa transição será mais rápida", diz o executivo. "Deveremos adquirir um fabricante local, como fizemos recentemente [ao aumentar a participação na Gateway Brasil]", prevê, completando que a aquisição deve ser feita através de capital orgânico.
Com a entrada no segmento de cofres, a empresa planeja alçar vôos para além do seu público alvo atual, o varejo. "Queremos chegar aos bancos, metrôs, aeroportos", planeja Sambugaro. "Outra área que cresce bastante é o RFID [sigla em inglês de 'identificação por radiofrequência']. Vamos instalar as primeiras etiquetas inteligentes em bibliotecas brasileiras, através de um contrato ainda em fechamento, sobre o qual não posso dar detalhes", diz o executivo, que mira bibliotecas públicas e privadas.
Setor
As projeções de crescimento da Gunnebo têm fundamento. Segundo dados da Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese), em 2011, o setor já movimenta cerca de US$ 1,8 bilhão e registra um crescimento de 9% sobre o ano anterior. No Brasil, existem cerca de 18 mil empresas atuantes no segmento de sistemas eletrônicos de segurança, criando cerca de 200 mil empregos diretos. O mercado tem maior concentração na Região Sudeste (51%) e Sul (22%), com menor presença na Centro-oeste (13%), Nordeste (10%) e Norte (4%).
Entre as principais tecnologias aplicadas, as mais procuradas são os sistemas de circuito fechado de televisão, com 43% de atuação no mercado.
Depois vêm os sistemas de alarme contra intrusos e os sistemas de controle de acesso, empatados, com 24% de atuação no mercado. Os equipamentos de detecção e combate a incêndio contam com 9% de participação.
Com crescimento de 11% do faturamento em cinco anos, o setor deve continuar se expandindo no País devido à demanda da Copa e da Olimpíada. O avanço econômico nas regiões menos favorecidas também deve estimular o segmento nos próximos anos.
Veículo: DCI