Paraná deixa de ser autossuficiente em trigo

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As indústrias moageiras do Paraná, que costumavam ser facilmente abastecidas pelo trigo produzido no Estado, enfrentam este ano uma situação mais apertada. Com a expressiva redução de 27% na área plantada e uma safra estimada em 2,1 milhões de toneladas este ano - 14% menor que a de 2011, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral) -, o Paraná não será autossuficiente na produção do cereal e deverá amargar um déficit de pelo menos 200 mil toneladas.

Cálculos do Sindicato da Indústria do Trigo do Paraná (Sinditrigo/PR) dão conta de que o processamento anual está em torno de 2,6 milhões de toneladas. Desse total, cerca de 85%, ou 2,3 milhões toneladas, vinham sendo fornecidas pelos agricultores do Estado - o restante é suprido pelo cereal importado, principalmente o do tipo "melhorador" trazido da Argentina. "A nossa grande vantagem era ter trigo, mas isso já não é mais um benefício. Estamos no caminho inverso e, se os produtores locais não voltarem a plantar mais, os moinhos poderão ficar inviabilizados", afirma Marcelo Vosnika, presidente da entidade.

No curto prazo, a tendência é que a demanda seja suprida pelo Paraguai. "O trigo paraguaio já está substituindo bem o paranaense. Muitas vezes, o produto chega para o moinho com preço equivalente, ou até 5% mais barato", diz. Em um horizonte mais longo, contudo, a escassez de oferta pode contrastar com a crescente capacidade de moagem. Nos últimos cinco anos, segundo o Sinditrigo, o processamento paranaense cresceu 30%. Só em 2011, o crescimento chegou a 13% e a previsão é de avançar mais 11% em 2012.

A Coopavel faz parte desses números: este ano, aportou R$ 45 milhões em uma moageira no município de Cascavel, berço da cooperativa, que terá capacidade para processar 400 toneladas por dia de trigo. A unidade passará por testes a partir de novembro e a expectativa é que ela entre em atividade em março.

A tacada da Coopavel tem um diferencial competitivo: cerca de 80% do volume demandado pela moageira será abastecido pelos cooperados, e 20% deverão ser trigo de maior qualidade trazido de países vizinhos, para fazer a mistura que resulte em uma farinha superior. "O objetivo foi incentivar a produção e garantir a comercialização", diz o presidente Dilvo Grolli. Segundo ele, a Coopavel investe em uma parceria com a Cooperativa Central de Pesquisa Agrícola (Coodetec) para pesquisas de trigo de melhor qualidade e alta produtividade para o oeste do Estado. Este ano, a Coopavel espera receber 60 mil toneladas, ante a média histórica de 90 mil a 120 mil toneladas, em função da menor área plantada e de problemas climáticos.

Além da Coopavel, Coamo (maior cooperativa agropecuária da América Latina, com sede em Campo Mourão), Cotriguaçu, da cidade de Palotina, Agrária, de Entre Rios, e Coagro, de Capanema, têm suas próprias plantas processadoras de trigo no Paraná - e comenta-se que dois novos projetos estejam no forno, um da Coamo e outro ligado à Batavo.

 

Veículo: Valor Econômico


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