Superávit brasileiro no mês passado foi de US$ 1,7 bilhão, o menor para o período desde 2009 .
Maior compradora de produtos brasileiros há três anos, a China se tornará pela primeira vez na história a principal fornecedora de itens para o Brasil em 2012, desbancando os Estados Unidos. O fenômeno ocorre em um ambiente de deterioração do comércio exterior global, com duros impactos para o país. O governo divulgou na quinta-feira que, em outubro, o saldo da balança comercial foi de apenas US$ 1,7 bilhão, o menor superávit para o mês desde 2009.
O saldo positivo ajudou pouco no resultado acumulado do ano. Até agora, o volume de US$ 17,4 bilhões é 31% menor do que o do mesmo período de 2011. Sem enfrentar crises, 2011 foi um ano de saldo recorde de US$ 29,8 bilhões.
A consolidação chinesa como principal parceiro comercial do Brasil começou a ser costurada logo no início do ano, com aumento consistente de suas vendas para o país. Para a secretária de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), Tatiana Prazeres, faltando dois meses para o fim do ano, agora já se pode afirmar com mais segurança que a liderança caberá à China.
De janeiro a outubro, o Brasil comprou US$ 28,7 bilhões do gigante asiático, contra US$ 26,8 bilhões dos Estados Unidos. "Houve redução das importações dos Estados Unidos combinada com aumento das importações da China", explicou Tatiana. Entre os produtos que o Brasil deixou de comprar dos EUA estão hulha, um carvão que se usa em fornos industriais, e algodão. Já da China, houve aumento de importações de itens como bens de capital e componentes de produtos.
Minério - Do lado das vendas nacionais, vale destacar uma forte queda de 25% verificada no mês passado tanto para a China quanto para a Argentina. A secretária explicou que, no caso da China, o resultado foi influenciado pela retração das exportações de minério de ferro por causa da queda do preço em outubro.
As exportações da commodity no mês somaram 32,646 milhões de toneladas, aumento de 17% em relação ao registrado em outubro de 2011, de 27,805 milhões de toneladas. Na comparação com o mês imediatamente anterior, o volume subiu 18% (27,67 milhões t). O preço médio do minério de ferro em outubro foi de US$ 80,9 a tonelada, recuo de 40,7% ante o mesmo período de 2011 (US$ 136,6/t) . Em relação a setembro, a queda foi de 8% (US$ 87,9/t).
Sobre a Argentina, a avaliação é de que a crise externa somada a problemas econômicos do país tenham diminuído a demanda por produtos brasileiros, sobretudo veículos. "Seguimos monitorando o comércio bilateral com a Argentina com atenção", disse Tatiana Os países se reúnem na semana que vem para tratar do tema.
O resultado geral da balança comercial de outubro foi marcado por uma queda de 7,6% no volume de compras, mas, principalmente, da retração de 10,6% das vendas. As importações somaram US$ 20,1 bilhões contra US$ 21,7 bilhões das exportações. A maior influência negativa sobre o desempenho das vendas brasileiras no período foi do petróleo, que desabou 58,8% no mês passado, para US$ 794 milhões.
"Consultamos a Petrobras e o que nos disseram é que a queda nas exportações é resultado da produção nacional menor e de um crescimento dos volumes de processamento de óleo nacional nas refinarias do Brasil", disse Tatiana. De janeiro a outubro, as vendas de petróleo registraram recuo de 7,3% ante os primeiros dez meses de 2011. A redução é conseqüência mesmo da diminuição (-9,3%) das vendas, já que o preço subiu 3,2% no período.
Veículo: Diário do Comércio - MG