Aperto fiscal do governo indiano pode contribuir para o Brasil aumentar vendas do produto
Considerado o segundo maior produtor de açúcar do mundo, perdendo apenas para o Brasil, a Índia, que consome 97% de sua produção, pretende aumentar sua importação da commodity. Segundo autoridades da indústria daquele país, o gigante emergente já programou compras de 450 mil toneladas de açúcar bruto para o ano safra, que começou em primeiro de outubro.
Segundo dados do Ministério de Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (Mdic), o Brasil já está sendo beneficiado por essas encomendas. De janeiro a setembro deste ano, a Índia comprou US$ 182,7 milhões de açúcar brasileiro, praticamente o dobro do registrado no mesmo período de 2011, cuja receita de importação do produto foi de US$ 92,7 milhões.
O ex-secretário executivo do Mdic, Weber Barral, observa que a busca este ano pela commodity nacional não se deve à quebra de safra, como em 2009, provocada por fatores climáticos. A corrida agora se deu após o governo indiano por fim a subsídios oferecidos na compra de fertilizantes, além da elevação os preços do diesel, resultando na alta do preço da cana-de açúcar em mais de 20%.
Para o professor de comércio exterior da FGV/Management, Evaldo Alves, os produtores brasileiros precisam aproveitar esse cenário, que segundo ele é promissor, e avançar nas relações comerciais com o parceiro.
“Apesar de a Índia apresentar uma taxa econômica de crescimento muito mais forte do que a brasileira, a crise econômica internacional afeta as contas do governo. A arrecadação está em queda e a solução é cortar subsídios”, explica.
Por isso, ainda de acordo com Alves, esse aperto fiscal tende a continuar ao menos pelos próximos quatro e cinco anos. “O Brasil tem em mãos uma oportunidade ímpar de ampliar sua pauta de exportações”, alerta o professor.
Veículo: Brasil Econômico