Brasileiro está mais exigente e quer consumir mais grifes

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Classe C tornou-se mais consciente e passou a exigir qualidade nos produtos que deseja comprar


Uma nova classe média emergiu no Brasil. Mas quem são essas pessoas? Elas se consideram participantes dessa nova camada social? Oque anseiam? Para responder a questionamentos assim sobre o perfil dos mais de 35 milhões de brasileiros que alcançaram recentemente um novo patamarde consumo, a agência de publicidade Lua desenvolveu, em parceria com o Instituto Análise Pesquisa e Planejamento de Mercado (APPM), a pesquisa ‘Brasil com S’, à qual o BRASIL ECONÔMICO teve acesso com exclusividade.

Chama a atenção o fato de que 39% dos brasileiros contatados pelos pesquisadores afirmarampertencer a esse novo estrato social. Os próprio entrevistados declararam que—para estarem inseridos nesse patamar — seria necessário ter no mínimo carro e casa própria. A pesquisa foi concluída em outubro e ouviu 2 mil pessoas em oito capitais, São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Recife (PE), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Goiânia (GO) e Belém (PA).

Para Rodrigo Gonzzales, presidente da agência Lua, isso significa que está ficando para trás o conceito de Brasil com Z. “O Z significava que a definição da nação brasileira era formulada exclusivamente a partir dos olhos de agentes estrangeiros. As camadas sociais mais baixas não se viam como integrantes da pátria, mas apátridas. Mas essa realidade começa a ser alterada”, explica, lembrando que atualmente 55% da população é formada pela classe C, segundo pesquisas de mercado.

Isso significaum público consumidor mais exigente e com mais poder de decisão nas mãos. É o que mostra ainda a pesquisa ‘Brasil com S’ ao destacar que 51% dos entrevistados afirmam comprar produtos de grife, mesmo que para isso tenham de guardar dinheiro para esse propósito ou até fazer dívidas.

“Esse novo consumidor não deseja a bolsa de grife apenas pela marca, mas sim por demonstrar umestilo de vida”, aponta o vicepresidente de criação e planejamento da Lua, Atila Franccuti.

Apesar de esse público ainda ser guiado pelo alto consumismo, 28% das pessoas afirmam conseguir poupar parte de sua renda. Mesmoque essa fatia pareça pequena, Franccuti observa que ela já é significativa. “Há pouco tempo essas pessoas não tinham ideia do que significava poupar”, argumenta. Ele destaca outro dado relevante da pesquisa: 23% da classe C diz que pretende, no período de um ano e meio, comprar um imóvel para investir e não para morar.

A partir dessas informações, Franccuti destaca ainda que a nova classe médiacomeçaa enxergar o Brasil como um país de oportunidades.“ Temos agora um brasileiro que não quer mais matar a fome. Ele quer comerbem”, completa Franccuti.

Análise
Segundo Humberto Dantas, cientista político do Insper, essa nova realidade de classes começou a ser construída no Brasil pelo governo federal a partir da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva em2002. Na gestão de Lula, diz Dantas, houve uma mudança nos discursos e também no enfoque das políticas voltadas à população carente.

“Essa política de emprego e de matar fome foi feita emantida por Lula até sua reeleição em 2006, quando começou a dialogar mais com a classe média. Esse empenho vem sendo mostrando com mais força pela presidente Dilma Rousseff”, explica, observando que agora as ações são mais voltadas para o acesso ao crédito.

Para Eduardo Coutinho, professor de finanças do Ibmec, a entrada dessa nova classe no mercado é importante para ampliar a capacidade do consumo de bens e serviços duráveis. Contudo, um crescimento sem planejamento financeiro pode significar lá na frente problemas para a economia nacional. “A inadimplência é recorrente e preocupa. Tudo leva a crer que as pessoas usam o crédito de forma ainda pouco cuidadosa”.


Veículo: Brasil Econômico


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