Hortifrútis crescem em lacuna dos supermercados

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Com a perspectiva de girar até R$ 39 bilhões em 2014, o segmento de venda de produtos saudáveis, como frutas, legumes e folhas, vêm trazendo ao mercado brasileiro um novo nicho de mercado: os hortifrutigranjeiros. Exemplo disso, a capixaba Hortifruti prevê faturar até R$ 600 milhões este ano e chegar a R$ 750 milhões em 2013. Além dela, redes como a Quitanda, em Pinheiros, e a Verde Mania, em Minas Gerais, apostam em diferenciais para manter o ritmo de crescimento.

"Os hortifrútis surgem agora se apoiando em uma lacuna ainda não preenchida: o fato de ser mais organizado que uma feira e menos amplo que um supermercado", afirmou Flávio Costas, professor de Agronomia e especializado em comércio de grãos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

E é com essa premissa que o grupo Hortifruti nasceu. Agora a empresa conta com 24 operações e a expectativa é entrar no mercado paulista ainda este ano. "Estamos com projeto de expansão para São Paulo. Ao todo serão quatro as unidades: uma será inaugurada este mês, e as outras três, em 2013", argumentou Tiago Mioto, CEO da Hortifruti.

Segundo o executivo, além da capital paulista a empresa já prepara planos para outras cidades. "Locais como Campinas, o ABC Paulista e a Grande São Paulo também nos interessam", disse ele, lembrando que o mercado mineiro deverá ser o próximo a receber investimentos do grupo.

Para acompanhar este crescimento, a rede, que já conta com um box na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), não descarta pequenas aquisições. "Trabalhamos com a perspectiva de crescimento orgânico, mas não descartamos a possibilidade de pequenas compras para ganhar o mercado", detalhou.

A decisão de crescimento do executivo vem ao encontro das perspectivas do mercado que, segundo estudo da consultoria Euromonitor, previu que o consumo de alimentos saudáveis deverá movimentar R$ 39 bilhões em 2014. "Para que isso aconteça é preciso também fomentar a economia dentro dos pequenos e médios empresários, seja o dono de uma quitanda, ou de um centro de hortifrúti", analisou Costas.

E foi através do apoio do Sebrae que Milton Leite Ferreira, dono do centro de hortifrútis Verde Mania abriu recentemente sua terceira unidade em Belo Horizonte. "Percebemos que havia uma demanda de consumidores interessados em produtos saudáveis e orgânicos mas que nem sempre queriam passar horas em um supermercado", disse o executivo.

Esse mês a rede irá entregar sua terceira unidade na cidade, e para o ano que vem, o executivo já prevê expansão. "Queremos abrir unidades na região de Juiz de Fora, e não descartamos entrar no mercado goiano, por exemplo."

Dificuldades

Para entrar nesse setor, no entanto, alguns cuidados devem ser tomados. Na opinião de Costas, lidar com produtos com prazo de validade tão curto requer atenção especial aos itens vendidos. "É preciso organizar muito bem os fornecedores para que a mercadoria esteja sempre fresca. Esse tem que ser inclusive o diferencial da empresa", adiantou.

Esta é a aposta do Hortifruti para ganhar o mercado em São Paulo. Hoje a empresa conta com frota própria de caminhões, que vão duas vezes por dia para as unidades reabastecer o estoque. "Não é um cálculo fácil. Não podemos colocar muitos produtos nas prateleiras para não estragarem, mas também não podemos colocar pouco a ponto de faltar", resumiu.
Segundo ele, a entrada em novos mercados requer grande responsabilidade. "Precisaremos manter a qualidade dos serviços prestados porque esse é nosso diferencial. Por isso só decidimos entrar no mercado paulista quando tínhamos segurança de fornecer os alimentos da melhor qualidade possível", detalhou o executivo, lembrando que o público-alvo da empresa em São Paulo será o mesmo do Rio de Janeiro. "Nossos clientes são geralmente da classe A e B, e aqui em São Paulo focaremos também o pessoal da zona sul da cidade", detalhou o presidente da rede.

Mix de produtos

Uma das alternativas para os empresários ganharem este mercado está apoiada no aumento da oferta de produtos. "Para ter sucesso com esse tipo de empreendimento o empresário precisa focar mais na qualidade do mix de produtos do que no preço", disse o professor da UFRJ.

Para isso, o empresário Ricardo Costa, diretor-geral da Quintanda, em Pinheiros, ampliou as opções de produtos. Agora a empresa já oferece açougue e produtos de padaria. "Os consumidores não têm tempo de ir à feira, ao açougue e à padaria para comprar um produto diferente em cada lugar. Queremos atender a essa necessidade", diz o executivo.

Para o ano que vem, Costa não descarta a possibilidade de abrir uma nova unidade nos Jardins, também na capital paulista.

Segundo o executivo, 60% da receita do empreendimento já está atrelada aos serviços adicionais, que incluem também um restaurante e opção de sucos para o consumidor. "Não queremos virar um supermercado. O cliente que procura um mercado de hortifrútis busca um padrão diferenciado desses produtos."

No caso da Hortifruti, Mioto também destaca produtos populares entre os consumidores: "Saladas prontas, produtos de padaria, açougue e mercearia também são muito bem aceitos pelo cliente, porque tudo que oferecemos é picado, cortado e limpo manualmente, o que facilita as coisas para o consumidor final", disse.

Segundo o executivo, o tíquete médio dentro das lojas varia de R$ 35 a R$ 70. "São itens com baixo valor, mas com alto volume de vendas", finalizou.


Alimentos estão mais caros em 2012, aponta FGV


A busca pela alimentação saudável também está mais cara nos supermercados. Segundo estudo recente da Fundação Getúlio Vargas (FGV), as compras de hortaliças, legumes e frutas realizadas semanalmente em feiras-livres, hortifrútis e supermercados subiram 25,61%, em média, entre novembro de 2011 e outubro de 2012. - "Para evitar um aumento muito grande, estamos segurando o repasse da alta dos valores pelos fornecedores", afirmou Tigo Mioto, CEO da rede capixaba Hortifruti.

O executivo disse ainda que a empresa consegue segurar o aumento em função do grande número de fornecedores. "Temos hoje várias opções para abastecer toda nossa rede".
Segundo apuração da FGV, o aumento nos preços supera a inflação média acumulada pelo IPC/FGV, que no mesmo período subiu 5,97%. Entre os 27 produtos avaliados, poucos apresentaram taxa de variação abaixo do IPC/FGV, como: laranja-pera (-8,12%) e mamão- -formosa (-0,33%).

A cebola (56,84%), o tomate (54,62%) e o alho (42,68%) - produtos bastante utilizados nas refeições - estão pesando mais no bolso. "A despesa com hortaliças, legumes e frutas comprometem cerca de 2% do orçamento familiar", informou o economista da FGV André Braz , em nota oficial.


Veículo: DCI


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