Pequenos mercados que são clientes do Martins pelo interior do país vão inaugurar no ano que vem uma nova tecnologia que hoje até mesmo em grandes centros ainda é rara. Será um celular com sistema de leitura de código de barras com o qual o lojista poderá receber contas de água, luz, telefone e qualquer boleto bancário dos seus clientes.
É uma iniciativa do Tribanco, banco do Grupo Martins, em parceria com o IFC, o braço para investimentos do Banco Mundial. Chamado Mobile, o projeto sai do papel no segundo semestre de 2013, segundo o presidente do banco, João Ayes Rabello Filho. O investimento é relativamente pequeno num primeiro momento: R$ 2 milhões, dos quais R$ 500 mil vieram do Banco Mundial.
Rabello diz que a vantagem é dar mais agilidade ao lojista e reduzir os custos do serviço de recebimento de contas. Nove mil lojistas clientes do Martins já recebem contas de água, luz, telefone e boletos bancários de uma maneira geral. Mas com equipamentos cuja manutenção mensal é cara, e muitas vezes com um única máquina na loja. O celular dá mobilidade e barateia o uso. Parte dos novos celulares serão fornecidos em comodato aos lojistas.
Rabello tem como meta aumentar o número de lojas atendidas pelo Martins que hoje já atuam como correspondentes bancários. Além de receber contas, o mobile multifuncional do Martins também permitirá que clientes recarreguem os seus celulares.
O objetivo do banco é bem claro: "A pessoa entra na loja para pagar uma conta ou recarregar o celular, acaba comprando alguma coisa. É esse o conceito: trazer fluxo para dentro da loja. Quem faz uma recarga, por exemplo, no mínimo, compra um chocolate."
O banco tem 40 mil clientes e um patrimônio de R$ 362 milhões. A carteira de crédito é de R$ 1,2 bilhão, o que dá R$ 30 mil de crédito por cliente. Seu foco é financiar a cadeia do Martins, tanto os pequenos varejistas quanto fornecedores.
Fundado há 22 anos, atuou praticamente sem concorrentes durante anos na concessão de crédito e serviços financeiros a pequenos comerciantes pelo Brasil - muitos deles famílias que trabalham no próprio comércio em rincões de difícil acesso. Mas hoje a concorrência está mais perto. "Os nossos competidores são todos grandes", diz Rabello.
Segundo ele, Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e mais recentemente Itaú Unibanco, entraram no segmento. Ainda assim, o Tribanco, que é um banco de 22 anos de médio porte, deve registrar uma alta de 15% em sua receita este ano, em relação a 2011, atingindo R$ 420 milhões.
"Nenhum banco médio cresce a esse ritmo. A nossa base, assim como o Martins, é mais Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Por isso estamos crescendo assim. Em São Paulo, estamos crescendo 5%. Na Bahia, 20%, em Pernambuco, entre 15% e 20%", diz o executivo.
Com mais concorrência, a taxa de juros na ponta caiu. Segundo Rabello, a queda da Selic não teria tido, por si só, um efeito tão grande. "O mais importante é a vinda da cavalaria dos grandes bancos. Estamos com os nossos cavalos mais à frente, mas eles estão chegando."
O Tribanco, segundo ele, sentiu no ano passado o aumento da inadimplência. Mas neste ano, diz, o indicador está num nível bem melhor. "Do crédito que concedemos, o nível de inadimplência médio hoje é de 5%."
Veículo: Valor Econômico