Importações brasileiras de trigo tendem a ser quase 15% maiores

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Um dos maiores importadores de trigo do mundo, o Brasil tende a ter que importar volumes ainda maiores do cereal nesta safra devido à quebra da produção doméstica. Conforme estimativas da consultoria Safras & Mercado, até o fim desta safra, em julho do ano que vem, o país deve comprar do exterior 6,6 milhões de toneladas do cereal para atender sua demanda doméstica, na ordem de 10,5 milhões de toneladas anuais. No ciclo anterior, o país importou 5,8 milhões de toneladas.

Em seu último levantamento, publicado neste mês, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) previu que o Brasil vai produzir 4,462 milhões de toneladas de trigo, 22,9% abaixo do volume colhido no ciclo anterior. A retração é resultado da redução da área plantada no Paraná, cujos produtores optaram pelo cultivo de milho, e do mau tempo que afetou as lavouras do Estado e do Rio Grande do Sul.

O fato é que as importações do cereal na atual temporada já estão mais elevadas. Segundo levantamento da consultoria, com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), entre agosto e outubro deste ano, o país importou 1,976 milhão de toneladas de trigo, 58,8% acima dos 1,244 milhão de toneladas importadas no mesmo período do ciclo anterior.

O analista da Safras, Renan Magro Gomes, explica que, como há também escassez do cereal na Argentina, principal fornecedor de trigo para o Brasil, as importações estão vindo em maiores volumes do Paraguai e também de fora do Mercosul, sobretudo dos Estados Unidos. "Em anos normais, em torno de 5% do volume vêm de fora do Mercosul, onde há benefícios tributários. Mas neste ciclo, esse percentual deve subir para 10%", avalia Gomes.

Com isso, os moinhos brasileiros devem ter gastos adicionais com compra de trigo de fora do Mercosul. Isso porque, fora do bloco, a importação é tributada em 10% pela Tarifa Externa Comum (TEC) e ainda pelo Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM), de 25% sobre o frete da importação.

Segundo informações da Safras referentes às cotações de ontem, dia 19, o trigo argentino chega no porto brasileiro a cerca de R$ 842 por tonelada e o cereal americano, a R$ 1,007 por tonelada.

Na outra ponta, as exportações gaúchas do cereal, já firmadas antecipadamente, estão na berlinda devido à baixa qualidade do cereal colhido que vem sendo colhido no Estado. Segundo traders, contratos de exportação de 300 mil toneladas de trigo do Rio Grande do Sul foram renegociados desde 15 de outubro. São contratos que foram convertidos de trigo tipo 1 (usado na panificação) para trigo para ração animal, com menor valor de mercado.

Atualmente, a tonelada de trigo tipo 1 posto no porto de Rio Grande do Sul está valendo US$ 342. O trigo para ração, está cotado a cerca de US$ 260 por tonelada, ou seja, US$ 80 de diferença.

Há ainda, segundo traders, contratos de exportação de outras 500 mil toneladas do cereal gaúcho que podem ser objeto de renegociação. Tudo vai depender da confirmação do baixo nível de qualidade do produto. Segundo a Emater-RS, até o momento foram colhidas 85% da área cultivada com trigo no Estado, cuja produção não deve superar 2 milhões de toneladas.

Veículo: Valor Econômico


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