O ritmo de crescimento das vendas de cosméticos premium foi superior ao de produtos de massa em 46 dos 80 países auditados pela Euromonitor International no ano passado. Apesar de haver um movimento de sofisticação do consumo, no médio prazo - até 2016 - a projeção é que o segmento de massa cresça acima do premium no mundo e na América Latina, segundo estimativas da empresa de pesquisa de mercado britânica. No mercado madura da América do Norte, os itens sofisticados vão avançar mais rápido.
"O mercado não está pronto para se deslocar para premium", diz Claire Moulin, analista setorial da Euromonitor, sobre a América Latina. A distinção entre produtos de massa e premium se dá pelas diferenças de preço e de posicionamento e distribuição dos rótulos. As principais marcas de produtos premium na América Latina são La Roche-Posay e Lancôme (ambas da L'Oréal), Carolina Herrera (Puig), Calvin Klein (Coty) e Christian Dior (LVMH). Lideram o mercado de massa as marcas Natura, Avon, L'Oréal Paris, Nivea e Rexona (Unilever), conforme a Euromonitor.
No mundo, a venda de produtos premium vai aumentar 14,6% entre 2011 e 2016, um pouco abaixo do crescimento de 15,7% previsto para os produtos de massa, de acordo com o estudo. Na América Latina, espera-se que os produtos de massa liderem o crescimento com uma alta de 29,5%, contra 27,7% de produtos premium. Na América do Norte, o mercado premium vai crescer 14,3%, mais que o dobro da previsão para os produtos de massa (6,6%).
O mercado premium é impulsionado por inovações como o uso de tecnologia de ponta, a oferta de produtos "verdes" e multifuncionais, a promessa de resultados profissionais em cosméticos de uso doméstico e a diversificação de canais de venda, de acordo com a analista.
Para Claire, existe uma grande oportunidade no Brasil para os cosméticos com múltiplas funções, como o "BB cream", que une base, "primer", hidratante e protetor solar no mesmo produto ou os hidratantes e maquiagens com protetor solar.
O Brasil é responsável por 58% das vendas de higiene e beleza da América Latina. O continente ultrapassou a América do Norte em 2011 e se tornou a terceira maior região em vendas de produtos de beleza no mundo, atrás de Europa e Ásia Pacífico. Os mercados que mais crescem são América Latina e Ásia.
Nos mercados emergentes, as categorias de cosméticos que impulsionam o setor são a de cuidados com a pele (principalmente com a agregação de tecnologia) e produtos para o cabelo (com o apelo de resultados profissionais). No Brasil, linhas de cuidados com o cabelo como a TRESemmé (Unilever) e a Wella ProSeries (Procter & Gamble) estão impulsionando a categoria.
Em relação aos canais de venda, Claire diz que "é preciso olhar para todos os lados e pensar em comércio eletrônico, farmácias, mercearias, supermercados". O varejo virtual era responsável por apenas 1% das vendas de cosméticos, perfumes e produtos de higiene pessoal em 2000 e, em 2011, passou a representar 3%. A expectativa é que em 2015 essa fatia seja 4%, principalmente com o crescimento nos mercados desenvolvidos e na China, conforme a Euromonitor.
Segundo Claire, as lojas de departamento estão perdendo terreno na América do Norte e na Europa Ocidental. "As lojas de departamento têm uma imagem antiquada. São como 'grandes elefantes', tentando inovar, mover-se", diz. Na região da Ásia e do Pacífico, esse tipo de loja vai melhor, diz a analista, porque as lojas têm um apelo de luxo.
Claire Moulin participou neste mês do Encontro Internacional de Inovação e Tecnologia realizado pelo Instituto de Tecnologia e Estudos de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, da Abihpec, em São Paulo.
Veículo: Valor Econômico