Lojistas encontram dificuldades para encontrar trabalhadores temporários

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A praticamente um mês do Natal, os lojistas ainda encontram dificuldades para contratar temporários e estão abrindo mão de requisitos, como experiência no varejo, para completar o quadro de funcionários até a data. Segundo a Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), a expectativa era de aumento de 5% a 7% no número de contratados no período, na comparação com o ano passado. Com isso, cerca de 9 mil temporários chegariam ao mercado. Mas em tempo de pleno emprego e diante de escassez de mão de obra qualificada, especialistas e os próprios empresários temem que nem todos os postos sejam ocupados.

Para o diretor do grupo Selpe Recursos Humanos, Glaucus Botinha, há grande possibilidade de as vagas não serem preenchidas até o Natal, principalmente naquelas empresas que deixaram o recrutamento e seleção para a última hora e, portanto, é necessário flexibilizar as contratações. Isso porque, segundo Botinha, com uma taxa de desemprego de 4,8%, Belo Horizonte e cidades da região metropolitana vivem uma fase de pleno emprego em que os mais capacitados já estão ocupados.

“Os disponíveis vão priorizar aquelas vagas com mais chances de efetivação, melhores salários e condições de trabalho”, avalia. Para driblar a má fase, empresários que precisam reforçar o time de vendas devem optar por profissionais que procuram o primeiro emprego, abram mão de experiências anteriores e ofereçam treinamento interno, de acordo com Botinha.

Foi exatamente o que fez José Ângelo de Melo, franqueado de uma loja do Boticário. Desde outubro, ele vem encontrando dificuldades para selecionar vendedoras, caixas e estoquistas. “Tenho oito vagas em aberto e, como os mais experientes estão ocupados, usamos a estratégia de contratar profissionais sem experiência que serão treinados pela empresa”, conta.

Exigências
O empresário diz que para preencher uma das vagas é necessário que o candidato tenha segundo grau completo e goste de lidar com pessoas. Nesse perfil encaixou a estudante recém-formada em psicologia Priscila von Randow, que pela primeira vez atua no varejo. O atendimento aos “pacientes” na universidade e boa comunicação ajudaram a conquistar o cargo de vendedora. “Minhas características pessoais foram mais importantes que minhas experiências”, comemora.

A rede da Total Calçados e na loja de brinquedos Brinkel, que ainda possui vagas em aberto, também precisaram diminuir as exigências. Segundo o proprietário da Total Calçados, Rafael Rocha, diante da dificuldade em encontrar pessoal qualificado e interessado em trabalhar, requisitos anteriores, “como boa aparência e experiência, ficaram em segundo plano”. O proprietário da Brinkel, Altair Rezende, prioriza aqueles que “não têm experiência, mas tem grande potencial para ser um bom vendedor”.

Menos ânimo nas compras
Mesmo com o clima natalino tomando conta das ruas e corredores de shoppings, os consumidores ainda não estão animados a ir às compras. Pelo menos é o que revela a Pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), divulgada ontem pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Em novembro, o indicador registrou queda de 0,8% em relação a outubro e retração ainda mais intensa, de 2,7%, frente ao mesmo mês de 2011. Ou seja, a propensão para novas aquisições está menor.

Para Bruno Fernandes, economista da CNC, a antecipação das compras estimulada pelos incentivos fiscais concedidos pelo governo, associada aos altos níveis da inadimplência, está entre as justificativas para o desempenho de novembro. “De certa forma, não esperamos que esse comportamento tenha forte impacto no Natal, data para qual projetamos crescimento das vendas entre 6,5% e 7%”, afirma. Para o especialista, a ligeira retração não pode ser encarada como uma reversão da tendência de recuperação do varejo. “Há, sim, moderação no processo de expansão das vendas, mas ainda há espaço para crescimento”, garante.

O Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) também aposta no bom desempenho do setor e, mesmo com o sinal de que as pessoas não estão dispostas a gastar, calcula alta de 9,2% nas vendas em novembro e de 9% em dezembro, na comparação com iguais meses do ano anterior. A aceleração a ritmo chinês está atrelada ao tripé: mercado de trabalho, renda e crédito. No ano, o setor deve repetir o resultado de 2011, quando cresceu 6,7%.

Crédito em queda
Os empresários também não se mostram animados com novos investimentos. A quantidade de empresas que procurou crédito em outubro recuou 1,8% em relação a setembro, segundo o Indicador Serasa Experian de Demanda das Empresas por Crédito. Foi a segunda queda mensal consecutiva. Nos dez primeiros meses do ano, a busca por capital acumulou queda de 4% frente ao mesmo período de 2011. A retração no último trimestre já era esperada, já que grande parte da produção voltada para o período natalino ocorre entre julho e setembro.

 

Veículo: Estado de Minas



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