Com a compra das operações paulistas e mineiras da Lojas Colombo, a Cybelar se torna um dos dez maiores varejistas de eletroeletrônicos do País.
Quem visita a sede da rede de eletroeletrônicos Cybelar, em Tietê, no interior de São Paulo, invariavelmente tem de passar pela sala de Ângelo Pasquotto, que fundou a companhia em 1952. Apesar dele ter morrido em 2002, o ambiente permanece intacto desde então e é cultuado pelo seu filho Ubirajara José Pasquotto, mais conhecido como Bira, que assumiu o negócio da família. Mas o que chama atenção nesse espaço é um quadro com uma frase do ex-ministro e economista Delfim Neto, preso à parede. “O progresso e o desenvolvimento é um processo doloroso e sem fim. Envolve sacrifícios e mudanças. Quem correr vai ficar onde está; quem parar, vai ser atropelado!” Na segunda-feira 12, Bira resolveu colocar o mantra do ex-ministro em ação.
A Cybelar anunciou a compra das operações da gaúcha Lojas Colombo em São Paulo e Minas Gerais. Com o negócio, estimado em R$ 130 milhões, ela passa de 94 para 159 pontos de vendas e entra para o seleto grupo dos dez maiores varejistas de eletrônicos do País. “Para meu pai, a empresa precisava crescer. Estamos dando continuidade ao projeto dele”, diz Bira. Com a compra das novas unidades, Bira prevê um aumento de mais de 40% no faturamento da empresa, que deve chegar perto de R$ 700 milhões em 2013. Neste ano, a estimativa é faturar R$ 480 milhões. A conclusão da operação depende de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). O empresário, no entanto, não acredita que ela possa ser barrada.
“É uma operação simples”, diz Bira. Em 31 cidades das 94 que a Cybelar está presente haverá sobreposição de loja. Contudo, não há previsão de fechamento de unidades ou demissão dos 800 novos funcionários. A ideia da varejista é que as novas lojas sejam concorrentes ou que possam apresentar produtos diferentes. Mas a empresa de Tietê só deve colocar as mãos nas novas lojas no primeiro trimestre do ano que vem. “Até lá, cada um vai cuidar da sua empresa e focar nas vendas de Natal”, afirma o empresário. Toda a negociação da compra foi feita diretamente entre Bira e Adelino Colombo, 81 anos, fundador da Lojas Colombo. A transação, que não contou com a assessoria de bancos de investimentos e escritórios de advocacia, foi rápida.
Em apenas 60 dias, os dois acertaram os termos do negócio. “Recebi a ligação do Adelino e disse que estava interessado”, afirma Bira. “Um mês depois começamos a negociar de fato.” O empresário gaúcho já sabia do interesse da empresa de Tietê em comprar novas unidades. Segundo Bira, em um encontro informal há um ano e meio, ele já tinha falado a Colombo que queria comprar novas unidades para crescer. “Mas foi apenas uma conversa, sem nenhuma intenção”, diz. Para o vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (Ibevar), Eduardo Terra, a transação foi um bom negócio para as duas empresas. “A Cybelar fica mais forte”, diz Terra.
Foco no sul: com a venda das operações de São Paulo e Minas Gerais, Adelino Colombo, fundador da Lojas Colombo, quer concentrar os investimentos nos Estados em que é líder
“E a Colombo, mais saudável.” Explica-se: as unidades paulistas e mineiras da rede gaúcha não apresentavam os mesmos resultados que as lojas na região Sul do País, onde a Colombo é líder. Agora, a empresa gaúcha poderá focar-se em defender o seu mercado. Procurada, a Lojas Colombo não quis se pronunciar. Por meio de um comunicado, disse que irá reforçar sua presença nos Estados do Sul e que ainda prevê o lançamento de novas linhas de negócio para o próximo ano dentro do setor de varejo. A varejista do Sul faturou R$ 1,38 bilhão em 2011 e espera fechar o balanço deste ano em R$ 1,5 bilhão. A Cybelar ainda negocia com a Lojas Colombo o centro de distribuição de Sumaré (SP).
De acordo com Pasquotto, há a possibilidade das duas empresas dividirem a operação, já que a varejista gaúcha utiliza o galpão para armazenar os produtos de suas vendas na internet. “Ainda estamos estudando, mas poderia ser importante para ajudar no abastecimento das novas lojas”, diz o empresário paulista. Em razão do negócio com a Lojas Colombo, Bira afirma que alguns projetos acabaram sendo adiados. O principal deles é a entrada da empresa no comércio eletrônico. O objetivo era começar a vender online no início de 2013, mas o investimento nessa área deve ficar para o segundo semestre. Agora, a Cybelar tem pressa de concluir seu novo centro de distribuição que está em construção em Tietê, um investimento de R$ 25 milhões. O ponto logístico foi projetado para atender 200 lojas da rede.
Veículo: Revista Isto É Dinheiro