As principais produtoras de papéis para embalagens no Brasil anunciaram ou realizaram movimentos recentes de expansão, reforçando a percepção de que as vendas do segmento, importante termômetro do nível de atividade econômica do país, vão bem e o futuro reserva volumes crescentes. Esse prognóstico positivo, combinado à elevada fragmentação da indústria brasileira de papelão ondulado, poderá sustentar uma nova rodada de investimentos ou associação entre empresas, a exemplo do que se viu nos últimos meses.
Em termos de mercado, os números do setor desenham um cenário bastante positivo. Dados preliminares mais recentes da Associação Brasileira do Papelão Ondulado (ABPO) mostram que a expedição de caixas, acessórios e chapas de papelão ondulado cresceu mais de 8% em outubro, na comparação anual, para 305,474 mil toneladas. Trata-se de um novo recorde mensal para a indústria.
No acumulado dos dez meses do ano, as vendas domésticas de papelão somaram 2,757 milhões de toneladas, alta de 3,07% na comparação anual, em linha com a expectativa da entidade para o acumulado de 2012. Para 2013, a expectativa é a de aceleração no ritmo de expansão, com alta no mínimo equivalente à projetada para o PIB, segundo fonte do setor.
A baixa concentração da indústria de papéis para embalagem e papelão ondulado, sobretudo na base da pirâmide, faz crer que há espaço para nova rodada de consolidação, com possibilidade de redistribuição de forças entre as maiores do setor.
Segundo ranking da consultoria independente Risi referente a 2011, a Klabin era de longe a líder em capacidade instalada de papéis (considerando-se todos os tipos) para produção de papelão ondulado, com mais de 1 milhão de toneladas/ano. A Rigesa ocupava a vice-líder, com 476 mil toneladas e o Grupo Orsa, dono da Jari Celulose, era o terceiro, com 365 mil toneladas. No grupo das dez maiores apareciam ainda Artivinco (309 mil) e Celulose Irani (120 mil).
Esse mapa, contudo, já começou a mudar. Klabin, MeadWestvaco (dona da Rigesa), International Paper - que vai estrear nesse segmento no país - e Celulose Irani anunciaram ou executaram investimentos e deram a largada para um novo ciclo de aportes no setor.
Do lado das fusões e aquisições, um dos eventos mais importantes foi a chegada da IP ao mercado nacional de embalagens. Uma das maiores produtoras globais, a multinacional americana já atuava, com posição relevante, no segmento de papéis de imprimir e escrever. Agora, por meio de uma joint venture com a Jari Celulose e investimento de R$ 952 milhões, fornecerá também embalagens de papelão no mercado doméstico.
Há alguns anos a IP oficializou os planos para o segmento, porém ainda não havia encontrado um parceiro local ou ativo estratégico para a estreia nesse mercado. Antes do acordo com a Jari, a companhia americana teria olhado também os ativos da paulista Artivinco, apontada hoje como a "namorada" da vez por fontes do setor.
Com diferença de dias, a controladora indireta da Celulose Irani anunciou acordo para compra de 100% das ações da Indústria de Papel e Papelão São Roberto, produtora de papelão ondulado de São Paulo. O valor da operação não foi revelado e expectativa é a de que a transação seja fechada até o fim de janeiro. A Companhia Comercial de Imóveis (CCI), holding do Grupo Habitasul, do qual faz parte da Irani, vai avaliar um modelo para atuação conjunta das duas empresas, o que certamente levará a "nova empresa" a subir no ranking.
Líder absoluta, a Klabin também voltou à carga com investimento anunciado de R$ 520 milhões em novas máquinas de papel, uma voltada a sacos industriais e outra a reciclados. Vice-líder, a Rigesa investiu mais de R$ 800 milhões para elevar a 435 mil toneladas/ano a capacidade de produção de papel da unidade de Três Barras (SC), que abastece fábricas de embalagens de papelão ondulado da própria companhia em diferentes regiões do país.
Veículo: Valor Econômico