Preços recebidos pelos produtores já acumulam uma retração de 22,2% nos últimos seis meses .
Levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, mostra que os preços do leite recebidos pelos produtores acumulam queda de 22,2% nos últimos seis meses. Desde junho, a média ponderada nacional - Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Goiás e Bahia - vem caindo sucessivamente, chegando a novembro (valores recebidos pela produção entregue em outubro) a R$ 0,5883/litro (bruto), redução de pouco mais de 2 centavos sobre a média do mês anterior. Nos mesmos seis meses do ano passado, houve alta de 16,9%, com a média de novembro do ano passado a R$ 0,697/litro (bruto).
A seqüência de baixas somada à relação de troca de leite por grãos desfavorável nos últimos meses limitaram o incentivo para que a produção fosse retomada, o que tradicionalmente ocorre no segundo semestre. De acordo com o Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L), de maio para outubro, o volume recebido pelos laticínios/cooperativas aumentou apenas 5,3%, contra 36,2% no mesmo período de 2007. De setembro para outubro, a ampliação foi de 1,36%.
Apesar de bastante modesto, pelo menos por enquanto, o crescimento da oferta não pode ser interpretado como sinalização de que o consumidor virá a pagar mais por derivados em médio prazo. Pesquisadores do Cepea avaliam que, para os agentes do setor - produtor e indústria - pode, na verdade, ser um alívio, tendo em vista que estariam com preços relativamente baixos devido justamente aos estoques.
No segundo semestre do ano passado e no primeiro deste ano, indústrias intensificaram suas compras para atender às fortes demandas interna e externa. Isso se deu através de estímulos de preços ao produtor que se motivava também com a relação de troca de leite por grãos bastante favorável. O resultado foi crescimento expressivo da oferta de leite e, conseqüentemente, dos estoques de derivados, explicam pesquisadores do Cepea.
Ritmo menor - Analisando-se os preços atuais dos derivados no mercado atacadista levantados pelo Cepea, constata-se que os estoques "passaram do ponto". Possivelmente, foram programados considerando-se que a demanda seguiria o forte crescimento daquele período. Como se vê neste final de ano, de acordo com os pesquisadores, a demanda interna e talvez mesmo a externa continuaram crescentes, mas não no mesmo ritmo de antes, resultando em escoamento dos estoques mais lentamente que o previsto.
De acordo com o Cepea, em novembro, as quedas mais expressivas foram registradas em Goiás, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, entre 6% e 8%. O preço médio de GO em novembro foi de R$ 0,5775/litro, de MS, R$ 0,4513 e o de MG, de R$ 0,5917 - valores brutos, a serem descontados 2,3% de CESSR e frete. Já nos três estados do Sul e também na Bahia e em São Paulo, a média mensal ficou praticamente estável, com alguns registrando ligeiras altas e SP, pequena queda.
Esse comportamento confirma a tendência regional apontada por compradores de leite consultados pelo Cepea no mês anterior " naquele período 77,4% dos compradores do Sul acreditavam em estabilidade dos preços para o pagamento atual.
Para o próximo pagamento, a tendência de estabilidade nos preços prevalece entre os agentes consultados pelo Cepea, com 56,3% destes apostando em permanência dos atuais patamares de preços - o volume de leite captado por esses compradores representa 64% da amostra total do Cepea. Já 25% dos agentes (16% do volume) acreditam em quedas nos preços aos produtores. Para os 18,7% restantes (20,6% do volume), as cotações podem subir no próximo pagamento.
Veículo: Diário do Comércio - MG