Crise afeta polo de tricô

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Produtos chineses são principal motivo


Reconhecido polo de tricô do Estado, Jacutinga, no Sul de Minas Gerais, está passando por uma de suas piores crises. Desde agosto, já foram cortados mais de 2,5 mil postos de trabalho na região, cerca de 20% do total de empregos do setor.

De acordo com o presidente da Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Jacutinga (Acija), Dennys Bandeira, somente no município, mais de mil trabalhadores foram demitidos nos últimos quatro meses.

O principal motivo da crise foi o grande aumento da importação de produtos chineses. Mas outros fatores também contribuíram para a queda no faturamento do polo. "Tivemos um inverno mais ameno e curto do que o de costume. Além disso, a estagnação da economia levou à redução das compras de vestuário por parte da população. Mas realmente, os chineses invadiram o mercado interno. E o tricô é um dos produtos mais importados", afirma o dirigente.

Segundo Bandeira, devido à queda nas vendas e à falta de competitividade do produto nacional, muitos fabricantes têm optado por importar o produto final. " a maneira que eles encontraram para sobreviver. Se nada mudar, a tendência é o setor parar de fabricar, principalmente o tricô", alerta.

Atualmente são cerca de 1,2 mil fábricas em Jacutinga, que possui cerca de 23 mil habitantes. E o circuito de malharias da região é formado por 2,5 mil empresas. Ao todo, o polo gera aproximadamente 14 mil empregos diretos e indiretos.

Conforme Bandeira, 78% do faturamento das cidades da região estão ligados ao setor de malharias. "Por isso, a crise tem afetado tudo. Do comércio à prestação de serviços. Houve um rebuliço com as 750 demissões que a Gol realizou recentemente. Mas ninguém fala nada sobre o que está acontecendo com a nossa indústria têxtil. O impacto nos municípios tem sido muito forte", diz.

Ele alerta, ainda, para o risco iminente de desindustrialização. "Vamos fechar 2012 com queda de 30% a 40% do faturamento. Ainda não tenho notícia de empresa que fechou as portas, mas se nada mudar, em breve isso poderá ocorrer.


Mudanças - Na tentativa de alavancar as vendas e tirar o polo da crise, as malharias da região de Jacutinga têm apostado na diversificação do mix de produtos. Das 1,2 mil malharias instaladas na cidade, cerca de 400 já estão trabalhando com tecido plano (tecidos mais leves) e vão lançar coleções também de primavera/verão.

Segundo o dirigente, a confecção de peças em tecidos leves é diferente da fabricação em tricô. "Por isso, nós da associação realizamos diversos workshops para ensinar as malharias a trabalhar com esse material. Além da diferença no modo de confecção, o maquinário também é outro e as empresas precisam investir para diversificar o mix de produtos", diz.

" uma forma de acabar com a sazonalidade. Mas também nesse segmento enfrentamos a concorrência chinesa, só que menor", ressalta Bandeira.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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