Excesso de calor impulsiona venda de equipamentos de refrigeração

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Lojistas afirmam que demanda pode superar capacidade de abastecimento de algumas linhas


Para amenizar os efeitos da temperatura elevada – que este ano chegou com a promessa de atormentar os dias e as noites dos gaúchos –, consumidores de todas as classes iniciaram pesquisa de preços para aquisição de equipamentos que proporcionem horas mais agradáveis em casa ou no trabalho.

No varejo, a maioria dos lojistas está preparada para comercializar ventiladores, condicionadores de ar, climatizadores e splits com entrega imediata. Além de estoques fartos, muitas empresas optaram também por “encher os olhos” de quem entra nos estabelecimentos, literalmente empilhando caixas com alguns destes itens nas áreas de venda.

O apelo funciona. A operadora de computadores Júlia Kominski, 52 anos, foi atraída por um split de 12 mil BTUs exposto bem na entrada da loja Manlec, na Dr. Flores. Acima do aparelho, um cartaz anuncia que o valor de R$ 1.399,00 já está em condição de oferta. “Não achei o preço tão salgado, tem produtos semelhantes que estão mais caros em outras lojas”, opinou a consumidora. “Só estou em dúvida quanto ao tamanho – não sei se vai ficar bem na sala”, comentou. Contando com estoque reforçado de splits de 9 mil e 12 mil BTUs, a Manlec já cresceu 50% na comercialização destes modelos em comparação ao mesmo período do ano passado, segundo informa o gerente comercial da rede, Ubirajara Trindade.

“É o equipamento mais procurado, pelo silêncio e pelo conforto que proporciona. Por isso, encomendamos uma quantidade expressiva à indústria e, desde julho deste ano, já guardamos diversos itens, que agora estão disponíveis para pronta entrega”, diz o gerente, garantindo que não deverá faltar produto. “Acho difícil, a não ser que a venda exacerbe. Mas já estamos recebendo nova remessa em janeiro”, reforça Trindade, emendando que “o gargalo deve ficar mais por conta das instalações”. “Até o momento, este serviço está dentro da normalidade”, pondera.

Seguro de que não irá faltar produtos de refrigeração nos próximos meses, o gerente da Magazine Luiza, também na Dr. Flores, Otávio Souza Garcia, ressalta que, este ano, os preços dos splits “estão bem atrativos”, e que o “boom” de vendas da empresa deve ficar por conta destes equipamentos. “Estamos muito bem preparados, com estoque disponível para todo o verão. Além disso, oferecemos condições especiais tanto no carnê quanto no cartão da loja.”

Garcia chama atenção para “a volta” dos condicionadores de ar de janela, que têm tido “boa procura” pela classe C. “Também estamos vendendo muito climatizadores e ventiladores”, garante. Comprovando a afirmativa do comerciário, a contadora Rose Oliveira, 45 anos, esteve na loja localizada no Centro de Porto Alegre para conferir os preços e verificar as marcas dos climatizadores. “Eu havia pesquisado três empresas na internet, onde estes produtos estavam caros, além de indisponíveis. Estou contente de ter encontrado hoje um de marca e preço favoráveis”, comentou.

O diretor de vendas e marketing da Lojas Colombo, César Siqueira Anderson, também afirma que “a rede possui estoque para atender a alta procura”. “Em função do calor antecipado, as vendas de splits nos meses de outubro e novembro foram excelentes. Houve um incremento superior a 30% no volume comercializado, comparativamente aos mesmos meses de 2011”, informa Anderson.  Ele opina que, “se persistir essa tendência, a demanda dos consumidores pode superar a capacidade de abastecimento do mercado”.
Alta demanda reduziu o fôlego dos fabricantes e distribuidores

Se grande parte dos empresários do varejo foi precavida, ao encomendar ventiladores, climatizadores, ar-condicionados de janela e splits à indústria, por outro lado, os fabricantes enfrentaram uma demanda inesperada. “O aumento do imposto de importação em junho (medida tomada pelo governo federal para beneficiar a indústria nacional) gerou uma debandada de mais de 20 fabricantes internacionais de splits do mercado brasileiro”, destaca o diretor comercial da catarinense Komeco, Sandro Suda. Desde então, segundo o executivo, as fabricantes nacionais não têm dado conta do recado. “Somente a Komeco deve umas 80 mil máquinas para distribuidores e revendedores em todo o País”, admite.

Entre as empresas que aguardam receber encomendadas há mais de três meses, está a gaúcha Refrigeração Capital. De acordo com o diretor da distribuidora, Ramon da Rocha Lumertz, no primeiro semestre a empresa havia “tirado o pé do acelerador”, e abastecido o estoque com menos itens em comparação a 2011, por causa do baixo desempenho da economia. “O fato é que agora estamos precisando de mais equipamentos e as indústrias nacionais não comportam sozinhas a demanda do mercado interno”, reclama. “Além disso, logisticamente falando é horrível trabalhar com a Zona Franca de Manaus”, critica, lembrando que a entrega leva bem mais de 30 dias.

Sandro Suda explica que quem comprava dos importadores está solicitando aos fabricantes de Manaus. “Todos estão com o mesmo problema, principalmente as marcas mais antigas, que recebem demandas de clientes de peso. Para se ter ideia, tem uma loja de internet que está pedindo 150 mil máquinas split.” “O verão vai chegar e ninguém vai ter estes equipamentos, que estão nas mãos de meia dúzia, e o preço foi lá para cima”, dispara Lumertz. “Quem não se programou vai deixar de vender. As indústrias estão tomadas de pedidos, e não têm capacidade para suprir a demanda”, opina. O diretor comercial da Komeco garante que a empresa está correndo atrás do prejuízo: “Agora em dezembro vai faltar, mas em janeiro se regulariza. Vamos incrementar a atual produção (de 30 mil máquinas) para 50 mil a cada mês”, promete.
Ventilador é alternativa mais barata

Se por um lado o split satisfaz o desejo de consumo dos gaúchos, por outro, os aparelhos coadjuvantes (ventiladores, climatizadores e condicionadores de ar) têm apresentado desempenho “surpreendente” em vendas no varejo. Ofertados a partir de R$ 59,00, e dispostos em pilhas na rede Walmart, a comercialização de ventiladores está 200% maior em comparação ao ano passado, segundo o gerente comercial de eletroeletrônicos do Walmart Brasil para a Região Sul, Luciano Smaniotto.

“Nos programado junto à indústria com antecedência e tivemos uma grata surpresa ao verificar que este tem sido o produto de maior procura”, avalia o executivo. Ele explica que o preço acessível e o fato de propiciar uma “solução imediata” contra o calor são os principais fatores que explicam o fenômeno. “Mesmo tendo um ou dois ventiladores em casa, as pessoas buscam por um terceiro ou até quarto item, para garantir ventilação em várias peças da residência.” Na rede Manlec os ventiladores (de mesa, de parede e de teto) também estão vendendo muito, diz o gerente comercial da empresa, Ubirajara Trindade. “Este ano, já comercializamos 20% mais ventiladores do que no final de 2011.”

Smaniotto destaca que o condicionador de ar de janela (antigamente mais elitizado) virou um item de classe C. “Estamos crescendo 40% em climatizadores e ar condicionados, incluindo o split”, enumera. Ele acredita que não deve faltar produtos até o final deste verão, “talvez um ou dois modelos, lá por março”, sugere, alinhavando que os estoques da empresa “estão bem abastecidos”



Veículo: Jornal do Comércio - RS


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