Maior empresa de shopping centers do país, a BRMalls é a companhia do setor que mais cresceu até hoje, por meio de um projeto agressivo de aquisições. Como acontece nesses casos, com a série de expansões e novas compras nos últimos anos - são 51 shoppings em sua base, o triplo da Multiplan - a companhia decidiu tomar medidas para ajustar a operação, com foco específico na redução dos gastos dos shoppings. "Em 2013, vamos usar da nossa escala para diminuir custos de condomínio dos shoppings", disse ontem o diretor presidente Carlos Medeiros, durante o BRMalls Day, evento que reúne analistas e investidores.
A diminuição desse custo do condomínio (que inclui gastos com energia elétrica e serviços terceirizados, por exemplo) envolve a implantação da metodologia do orçamento base zero (OBZ) nos shoppings do grupo. O projeto começou a ser desenvolvido pela empresa em setembro e vai ser implantado nos empreendimentos no ano que vem. No OBZ, a empresa faz uma projeção sem levar em consideração os orçamentos nos anos anteriores, evitando que o shopping só repita os gastos de um ano para o outro.
"A ideia é ver parafuso a parafuso, palito a palito, para entender o que é fundamental mesmo. Vamos fazer o 'roll out' do projeto com ex-Ambevs [ex-profissionais da Ambev]", disse Ruy Kameyama, diretor operacional da BRMalls. A empresa tem profissionais da área financeira e de gestão que atuaram na fabricante de cerveja. "Se conseguirmos ganhos nessa redução, a ideia é repassar aos lojistas". Esses ganhos devem vir das negociações com fornecedores (alta escala permite preços melhores) e da queda no valor da energia elétrica para as empresas, conforme já anunciou o governo federal.
Segundo a última demonstração de resultados da BRMalls, de janeiro a setembro, os custos com aluguéis e serviços (que englobam o condominial) cresceram 15,6%, ao atingir R$ 68,1 milhões - como proporção da receita bruta, a taxa caiu de 9% para 7,8% no terceiro trimestre de 2011 e 2012, respectivamente. Só os custos condominiais subiram bem mais, 33,6% de janeiro a setembro de 2012, ao alcançarem R$ 21,2 milhões no intervalo. Os custos com pessoal subiram quase 37% no mesmo período.
O comando da empresa também informou ontem a previsão de R$ 526 milhões em investimentos em desenvolvimento de projetos e expansões (sem incluir aquisição) em 2013. Para 2014, o valor cai para R$ 277,7 milhões. A companhia não informou razões para a queda. A soma não inclui eventuais aquisições em shoppings, que devem continuar em 2013, disse Medeiros. Em 2012, a companhia deve investir R$ 453 milhões.
Segundo Medeiros, a empresa planeja manter de dois a três anúncios de projetos "greenfield" (a partir do zero), em média, e tem planos de abrir outlets no Rio de Janeiro e Minas Gerais. Em São Paulo, o projeto já existe, em parceria com a Simon, como a companhia já anunciou. Em relação a previsões futuras, a empresa espera alta de 8% nas vendas "mesmas lojas" (abertas há mais de 12 meses) em 2013. Com 51 shoppings na carteira, a receita líquida da BRMalls subiu 32% de janeiro a setembro e o lucro operacional alcançou R$ 719,9 milhões, alta de 35,6% no mesmo período.
Veículo: Valor Econômico