Na Black Friday brasileira, preços das mercadorias subiram em vez de cair

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Pesquisa com mais de 1.700 produtos mostra que houve uma alta média de 8,5% na véspera da liquidação; já na megaliquidação anual dos Estados Unidos, que é fonte de inspiração para o evento brasileiro, os preços costumam ser reduzidos em até 50%


Uma pesquisa mostra com números o que os órgãos de defesa do consumidor suspeitavam pelas reclamações feitas por pessoas que compram em sites de comércio eletrônico. Na Black Friday brasileira, os preços das mercadorias subiram em vez de cair de cair.

Nos dias 21 e 22 de novembro, período que antecedeu a megaliquidação que tenta repetir a fórmula de sucesso do varejo dos Estados Unidos, houve um reajuste de preços, em média de 8,5% na comparação com o período imediatamente anterior, de 12 a 20 de novembro. No dia da Black Friday propriamente dito, que foi 23 de novembro, a alta foi de 0,06%, em média.

Os números fazem parte de uma pesquisa feita pelo Programa de Administração de Varejo (Provar) e da Felisoni Associados com a Íconna, empresa que desenvolveu o software para captar os preços de produtos idênticos nas lojas de comércio eletrônicos, a fim de apurar a inflação na internet.

A pesquisa foi realizada com uma dúzia de grandes lojas virtuais, que também têm lojas físicas no comércio tradicional. Foram pesquisados os preços de 1.728 produtos, entre eletrodomésticos, eletrônicos, bebidas, aparelhos de imagem e som e itens de informática.

Claudio Felisoni De Angelo, presidente do Conselho do Provar e responsável pela pesquisa, frisa que o levantamento coletou preços de produtos idênticos e não considerou itens similares na avaliação.

"Pelos resultados obtidos, pode-se dizer que não houve, de fato, promoção sob a chancela da marca Black Friday", observa o especialista em varejo. Ele lembra que o evento tradicional do varejo americano é marcado por reduções entre 40% e 50% nos preços das mercadorias.

A pesquisa mostra também que o único momento em que os preços recuaram foi depois da Black Friday, entre os dias 26 e 30 de novembro. Nesse período, houve uma queda de apenas 0,29% nos preços médios desse conjunto de produtos em relação ao dia do evento.

Um recorte mais detalhado da pesquisa, levando em conta o movimento dos preços por número de itens e não a média, mostra que 600 produtos, ou 34,7% do total, tiveram os preços majorados antes do dia da megaliquidação no período avaliado a partir de 12 de novembro.

Já na data do evento os resultados são ainda mais eloquentes. Apenas 48 itens, ou 2,8% do total de produtos pesquisados, tiveram redução de preço. Nesse mesmo dia, 88 produtos, ou 5,1%, tiveram os preços majorados. Enquanto isso, a grande maioria (92,1%) ou 1.592 dos itens ficaram com preços estáveis. É que parte deles tinha tido aumentos antes da promoção.

Felisoni diz que os resultados dessa pesquisa mostram o quanto o consumo é emocional. "O varejo é o que parece, e não aquilo que realmente é." E ele alerta para que os consumidores tenham mais cautela, especialmente neste momento que antecede o Natal, marcado pela corrida às compras tanto em lojas físicas como nas virtuais.

Arranhão. Para os representantes do comércio virtual, o episódio da Black Friday brasileiro, que resultou na notificação da Fundação Procon-SP de sete grandes varejistas cobrando explicações sobre preços, não atrapalha as vendas online de Natal. "O consumidor está cada vez mais esperto", diz Maurício Salvador, presidente da ABComm, associação dos varejistas online. Na dúvida, a entidade lançou uma cartilha para os internautas, chamando atenção para as armadilhas. Uma delas, é desconfiar de descontos superiores a 15%.

Cris Rother, diretora do e-bit, empresa especializada no setor, faz avaliação semelhante sobre os efeitos da Black Friday. Mas, pelo andar das vendas, ela acha que a receita do Natal, estimada em R$ 3,25 bilhões, não vai se atingida. E o crescimento esperado de 25% deve ficar em 20%.



Veículo: O Estado de S.Paulo


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