Após dois meses de quase estabilidade no desempenho mensal, os economistas esperam aceleração das vendas do varejo em outubro. A média das estimativas de dez instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data aponta avanço de 0,8% nas vendas do varejo restrito (que não inclui automóveis e materiais de construção) em outubro frente ao mês anterior, feitos os ajustes sazonais. As projeções para a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), que será divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), variam de 0,2% a 1,1%.
Entre as seis instituições financeiras e consultorias que fazem projeções para o varejo ampliado (que inclui automóveis e materiais de construção), a expectativa também é de aceleração. A média das previsões indica elevação de 3,4%, variando de 2,5% a 4,9%.
Os economistas divergem quanto aos segmentos que puxarão o aumento no ritmo de vendas. Para Leandro Padulla, da MCM Consultores, a maior demanda em outubro foi por móveis, eletrodomésticos, vestuário, calçados, produtos de informática e comunicação, além de automóveis. Segundo ele, as consultas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) para vendas a crédito subiram 11% entre setembro e outubro, com ajuste sazonal. Houve alta também das consultas à UseCheque - 1,6% sobre setembro, em termos dessazonalizados, segundo Padulla.
"Como há evidências de que as vendas à prazo impulsionaram os resultados do varejo, a principal contribuição para essa aceleração veio de duráveis e semiduráveis", diz Padulla, que prevê alta de 0,9% nas vendas do varejo restrito e de 4,9% nas do ampliado, sempre na comparação com o mês anterior.
Segundo Padulla, o levantamento da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) mostra crescimento leve, de 0,3%, nas vendas dos supermercados entre setembro e outubro. "A tendência é a PMC também registrar avanço leve nas vendas de supermercados, o que permitirá creditar a aceleração no varejo restrito a duráveis e semiduráveis."
Essa, porém, não é a avaliação que faz Paulo Neves, da LCA. Para ele, as condições ainda bastante favoráveis do mercado de trabalho ajudaram a impulsionar as vendas dos supermercados no período. A consultoria projeta alta de 0,5% do segmento na passagem mensal, resultado que, se confirmado, marcará aceleração em relação ao avanço médio de 0,3% ao mês observado no terceiro trimestre.
Neves também projeta resultado positivo para as vendas de bens duráveis, principalmente móveis e eletrodomésticos, favorecidos pela redução temporária de IPI. Após a queda de 1,5% em setembro, a expectativa para outubro é de aumento em torno de 1% em relação ao período anterior. "
Em relação ao varejo ampliado, Neves estima que os resultados seguirão voláteis em função do incentivo tributário para compra de carros. Em agosto, a antecipação de compras devido à expectativa de fim do benefício levou a alta de 2,7% das vendas no segmento. O IPI reduzido foi prorrogado por mais dois meses e em setembro houve forte tombo do comércio ampliado, com queda de 9,2%, sempre na comparação mensal. Para outubro, a LCA projeta alta de 3,1% nas vendas do varejo ampliado, mais uma vez beneficiadas pela perspectiva de fim do incentivo, prorrogado até dezembro.
A Tendências é a única que não projeta aumento no ritmo das vendas do varejo restrito em outubro. Para Mariana Oliveira, o setor deverá apresentar certa acomodação até o fim do ano, após o avanço médio mensal de 1,5% em junho e julho.
Veículo: Valor Econômico