Doenças aumentam até 82% e controle caberá a citricultor

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A incidência de greening aumentou 82,2% nos pomares paulistas, neste ano, enquanto a ocorrência de cancro cítrico cresceu 36%. A Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado de São Paulo planeja delegar a responsabilidade pelo controle dessas doenças à base produtiva.

"O produtor tem que assumir a responsabilidade", afirma o diretor do Escritório de Defesa Agropecuária, vinculado à pasta estadual, Paulo Fernando de Brito. O engenheiro agrônomo reconhece, no entanto, que os citricultores passam por "problemas econômicos" e devem ter dificuldade para controlar as pragas.

"O produtor não tem remuneração para evitar o agravamento das doenças", diz o presidente da Associação Nacional de Citricultores (Associtrus), Flávio Viegas. Segundo ele, o custo de produção da laranja subiu de R$ 15 para R$ 19 por caixa entre 2005 e 2012, e a remuneração atual é de R$ 6.

O greening é considerado por especialistas "a doença mais séria da agricultura mundial". Está presente, hoje, em 14 milhões de pés de laranja, num total de 200 milhões, no cinturão citrícola de São Paulo, de acordo com o Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus). "Ainda é perfeitamente possível controlar a doença. Mas ela está crescendo, e isso preocupa", alerta o gerente da entidade privada, Juliano Ayres.

"Quando se vê o greening, tem que arrancar o pé", diz o presidente do Sindicato Rural de Araraquara, onde a praga já ocorre em 100% dos pomares, Nicolau de Souza Freitas. Proprietário de 90 hectares plantados com laranja, o produtor estima perda de 15% da lavoura e do lucro para a doença nesta safra de 2012/2013.

No caso do cancro cítrico, a incidência é calculada em 2,8 milhões de pés. A praga vinha sendo controlada desde 1999, por meio de um convênio entre o Fundecitrus e a Secretaria de Agricultura cuja renovação foi suspensa, entretanto, em 2009.

Nos últimos três anos, a praga saltou de 0,14% para 1,39% dos talhões (dois mil pés por unidade, em média) de laranja paulistas. "O governo tomou a decisão de delegar ao citricultor o papel de monitorar a doença", define Ayres, lembrando que, até 2009, baseados no convênio público-privado, 500 técnicos monitoravam o parque citrícola paulista.

Política preventiva

O diretor do Escritório de Defesa Agropecuária diz que o governo se orienta a recomendar "medidas sanitárias" e "controle sistemático" das pragas. Em 2013, a secretaria responsável deve lançar novos convênios para o monitoramento das pragas.

Hoje, os citricultores são obrigados a encaminhar à pasta, pelo menos quatro vezes ao ano, relatórios sobre a incidência de greening no pomar. A mesma medida deve ser aplicada ao controle do cancro cítrico. "São doenças que precisam ser tratadas de maneira integrada", afirma Brito.

Segundo ele, a política adotada pelo governo em relação ao greening, nos últimos oito anos, foi de retardar sua proliferação para estudar meios de combatê-la. "Os conhecimentos adquiridos trouxeram alternativas para que os produtores pudessem conviver com a doença."

A política paulista é diferente, segundo os especialistas consultados pela reportagem, da "política voluntária" adotada em outras regiões citrícolas, como nos casos do Paraná, da Argentina e Flórida, onde os produtores lidam com as pragas por conta própria, à base de agrotóxicos.

O Estado de São Paulo gastou R$ 500 milhões, nos últimos dez anos, com a prevenção de doenças da laranja, estima o Fundecitrus. "Se usássemos métodos de convivência com as doenças, teríamos gastado no mínimo três vezes mais", calcula Ayres.

A partir de 2013, contudo, citricultores deverão estar por conta e risco no combate às doenças. O apoio público, que antes se traduzia na atuação in loco de quadros técnicos, deve ficar restrito à formação de lideranças locais, campanhas institucionais e treinamentos e capacitação técnica.


Veículo: DCI


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