Aumento do volume ofertado no início do próximo ano deverá reduzir as cotações do produto no mercado.
A primeira safra do feijão mineiro que começará a entrar no mercado a partir de fevereiro está estimada em 230 mil toneladas. Plantada em uma área de 200 mil hectares no Estado, esse volume representa um crescimento 13,7% ante a primeira safra do ano anterior. Antes da safra do Paraná chegar ao mercado, prevista para janeiro, o preço da saca de 60 quilos está cotado em R$ 90 neste período de entressafra e poderá sofrer queda em função do volume ofertado.
De acordo com o coordenador da Assessoria Técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Pierre Vilela, tudo indica que no início do período de oferta do feijão os preços possam sofrer alguma queda. "O preço mínimo estabelecido pelo governo é de R$ 80 por saca, mas a expectativa é de preços inferiores a esse em função do crescimento da produção esperado para essa primeira safra", projetou.
Caso o governo tenha interesse que a política de preços mínimos funcione, terá que investir, pois vai ter muita oferta de feijão no mercado, considerou Vilela. De acordo com ele, em função de o feijão ser um produto perecível, logo será colocado no mercado gerando excesso de produto disponível. "Caso os preços fiquem abaixo de R$ 80 os produtores enfrentarão prejuízos", alertou.
Se realmente esse cenário de preços baixos se confirmar, a mesma situação de 2007 poderá se repetir, salientou Vilela. Em 2007 a oferta foi grande no início do ano, fazendo com que os preços ficassem abaixo dos custos, desestimulando os produtores. Como conseqüência, muitos deles reduziram a produção ou até deixaram de plantar, fazendo que com a redução de oferta elevasse os preços a um patamar de R$ 300 por saca no segundo semestre de deste ano.
Indecisão - Diante desse quadro, os produtores mineiros passam por um momento de indecisão, cogitando a viabilidade de plantar em função de possíveis quedas no valor de comercialização do grão. "Para agravar ainda mais esse cenário, com a crise financeira internacional a demanda está sendo reduzida e, aliada a uma baixa nos preços, poderá prejudicar ainda mais os produtores de feijão do Estado", ponderou o coordenador.
Apenas a região Noroeste de Minas Gerais responde por 33% da produção mineira. Porém, segundo Vilela, para a primeira safra o grão é plantado por todo o Estado uma vez que depende apenas das chuvas do período para incrementar as lavouras. "A primeira safra é plantada até o dia 31 de dezembro em Minas Gerais, momento no qual teremos uma dimensão mais concreta do plantio mineiro, uma vez que poderá sofrer alguma revisão nos números", explicou Vilela.
Veículo: Diário do Comércio - MG