A Procter & Gamble embarcará no programa de expansão mais ambicioso de sua história no qual buscará ampliar o foco estratégico em países emergentes, mesmo em meio à atual desaceleração econômica mundial.
O executivo-chefe de Operações da empresa, Bob McDonald, disse ontem a analistas de Wall Street, em Nova York, que “quase todas” as 20 novas instalações industriais que a Procter & Gamble abrirá nos próximos quatro anos serão fora de seus mercados já estabelecidos.
“O centro de gravidade da P&G passará para os mercados em desenvolvimento”, afirmou. “Transformaremos literalmente nossos sistemas de distribuição e produção administrando de forma pró-ativa nossa capacidade em todo o mundo.”
A empresa possui 39 fábricas nos Estados Unidos, mas apenas dez na Índia e duas na China (ver abaixo a estrutura no Brasil).
Os países emergentes representam cerca de 30% das vendas anuais da Procter & Gamble, superiores a US$ 83 bilhões, e apresentaram crescimento superior a 10% nos últimos quatro anos, o que correspondeu a 60% da expansão mundial das vendas registrada pela companhia no período.
Werner Geissler, diretor de operações mundiais, afirmou que o crescimento dos mercados em desenvolvimento continuará, pelo menos, em quase 10% nos próximos anos.
A Procter & Gamble vem detectando sinais de que varejistas e clientes reduziram estoques de produtos por todos os lados, da China e Rússia até o Paquistão, segundo Geissler.
O executivo-chefe da companhia, AG Lafley, contudo, vê pontos positivos. “Simplesmente temos uma imensa oportunidade para atender famílias de consumidores com renda de sobra em mercados em desenvolvimento, mesmo em maus momentos econômicos. Não estamos nem perto da fatia de mercado que nos corresponde nesse segmento e acho que isso de certa forma nos abriu os olhos no último ano.”
McDonald destacou os esforços que serão feitos para melhorar a produtividade, como a modernização do sistema de transporte por caminhões nos Estados Unidos e o aumento do uso de transporte ferroviário. O plano é estender o uso do “transporte combinado (caminhão/ dos atuais 15% das remessas nos EUA para 30%. Na Europa, a idéia é expandir o transporte ferroviário dos atuais 10% para 30% até 2016.
Como resultado da queda nas vendas a varejistas e consumidores, a Procter & Gamble avalia que não atingirá a previsão de crescimento orgânico da receita entre 4% e 6% neste trimestre, embora tenha mantido a meta de lucro.
No Brasil, a P&G tem quatro fábricas: Louveira e Anchieta (SP), Salvador (BA) e Manaus (AM). Uma quinta unidade (para absorventes e fraldas) deverá ser erguida em Alagoas a partir de agosto. O investimento anunciado em outubro pelo CEO da P&G no Brasil, Tarek Farahat, é de R$ 45 milhões. “A longo prazo, queremos ter várias fábricas no país, uma em cada região”, disse.
Veículo: Valor Econômico