Adversidades climáticas ao longo de 2012 prejudicaram a produção de feijão
O ano de 2012 para a cultura do feijão foi marcado pela elevada quantidade de adversidades climáticas ao longo do exercício. A primeira safra 2011/12 apresentou quebra da produção devido a estiagens que afetaram intensamente os estados nordestinos e do sul do Brasil, principalmente o Paraná, maior produtor brasileiro de feijão. A estiagem nestes estados influenciou fortemente o preço do feijão carioca no mercado interno brasileiro onde, logo na primeira quinzena de janeiro, o preço da saca de 60 kg do carioca extra passou de R$ 135,00 para R$ 202,50, o que representa aumento de 50%.
"Além da estiagem nos estados sulistas, paralelamente tivemos excesso de chuvas nos estados de Goiás e Minas Gerais, o que levou a problemas em suas lavouras devido a queda da qualidade do grão no mercado interno", afirma o analista de Safras & Mercado Régis Becker. Mesmo assim, com a entrada da safra desses estados a partir da segunda quinzena de janeiro, com um volume maior a partir de fevereiro, o preço do feijão carioca recuou no mercado interno, passando para um preço médio de R$ 175,00/sc de 60 kg, patamar que se manteve praticamente estável no mês de fevereiro.
Segundo o analista, o mês de março sinalizou um aumento dos preços do feijão carioca devido a entrada no período de entressafras. Com um preço inicial de R$ 187,50/sc de 60 kg, após diversas valorizações durante o mês, o feijão fechou com o preço da saca de 60 kg cotada a R$ 230,00. "Comparando a produção de 2011 e 2012, a queda na sfra neste ano foi bastante expressiva. Enquanto em 2011 o volume do grão na primeira safra foi de 1,680 milhão de toneladas, em 2012 a produção foi de 1,235 mihlão de toneladas, queda de 26,4% no comparativo", indica Becker.
Com a primeira safra comprometida, a segunda safra apresentou uma diminuição na área plantada e conseqüentemente da produção. "Em abril, mês caracterizado por ser um período de entressafras, tivemos o preço médio mais alto do ano, com a média do feijão carioca extra atingindo R$ 232,63/sc de 60 kg no mês. Ainda, em abril também tivemos o preço mais alto do ano no feijão carioca, quando nos dias 24 e 25 o preço pago pela saca de 60 kg no referencial bolsinha foi de R$ 260,00", aponta Becker.
Quebra - "Um fator que influenciou esse aumento expressivo no preço, além da quebra da primeira safra, foi a perda quase total na produção dos estados nordestinos, principalmente o Ceará, devido a uma nova estiagem que afetou estes estados entre março e abril, época de plantio nestas regiões", explica o analista.
"Em junho, os preços recuaram fortemente no atacado paulista, motivados principalmente pela queda da demanda pelo feijão ofertado. Esse feijão foi colhido em um clima desfavorável. Com um excesso de chuvas nas regiões produtoras, boa parte dos grãos chegavam ao mercado úmidos, o que afastou os compradores e conseqüentemente reduziu os preços da saca de 60 kg", de acordo com Becker.
Já no mês seguinte, a queda do custo da saca no mercado foi ainda intensa, atingindo o preço médio mais baixo do ano, com R$ 150,57/sc de 60 kg. Comparativamente, a produção de feijão na segunda safra 2012 foi de 1,065 milhão de toneladas, o que representa uma queda de quase 20% frente a produção de segunda safra 2011, que foi de 1,325 milhão de toneladas.
Em agosto, o preço do feijão seguiu em um patamar mais baixo na primeira quinzena, porém apresentou expressiva valorização no restante do mês devido a um aumento de procura de feijão nas regiões produtoras. Com a terceira safra praticamente concluída, a produção, como já era esperada, sofreu redução em relação a 2011.
A terceira safra de 2012 apresentou produção de 598,1 mil toneladas, enquanto em igual período da safra de 2011, a produção foi de 727,4 mil toneladas. "Há vários motivos para a queda na produção das terceira safra 2012, um deles é a expressiva redução da área plantada nos estados produtores de feijão na terceira safra. Essa redução já era esperada pelo mercado interno, visto que a primeira e segunda safra de 2012 apresentam inúmeros problemas climáticos, o que causou uma migração para outras culturas mais seguras", afirma o analista de Safas & Mercado.
Veículo: Diário do Comércio - MG