Greening derruba 120% mais árvores

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O ano de 2008 ainda não acabou e o greening levou à destruição de mais de 1,7 milhão de pés de laranja em São Paulo, informa o diretor de defesa vegetal da Secretaria de Agricultura do Estado, Mário Sérgio Tomazela. No ano passado, menos de 800 mil árvores foram ao chão. Pelo menos parte desse crescimento se deve à nova instrução normativa editada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) há cerca de dois meses.

 

De acordo com Cícero Massari, do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), os produtores estão passando por "uma fase de adaptação para a implementação da normativa 53 e apenas em janeiro os efeitos serão conhecidos em números". Ainda em abril 18,57% dos talhões (lotes de árvores) do Estado tinham pelo menos uma planta contaminada pelo greening - em cerca de cem mil talhões. Nenhum dos 50 mil pés que José Osvaldo Junqueira Franco cultiva em Bebedouro (SP) foi fiscalizado até agora desde a vigência da normativa.

 

A praga é transmitida por um inseto e os sintomas são ramos amarelados, deformação, redução e queda de frutos além da maturação irregular dos mesmos. São Paulo é o principal produtor nacional de laranja e dono do maior pomar do mundo, com 691,26 mil hectares cultivados com cerca de 200 milhões de pés. De 2004 até o início deste ano, três milhões de pés já haviam sido eliminados em virtude da doença, número que já deve estar próximo a cinco milhões com as árvores derrubadas até dezembro.

 

Marco Antônio dos Santos já arrancou cerca de 150 pés dos 25 mil que cultiva na região de Itaquaretinga (SP), "o último faz uns dez dias", lamenta. "A princípio o produtor fica descontente, mas tem que arrancar, essa doença precisa ser erradicada", aceita Santos mas não sem lamentar a inexistência de uma indenização. "Não fomos nós que trouxemos essa doença para cá". O produtor colheu 20 mil caixas este ano, uma quebra de 50% em relação à produção de 2007.

 

A safra 2009 de Marco Antônio e a do Estado já estaria mais uma vez comprometida em virtude da falta de chuva durante a florada. E o polêmico número estimado pela Secretaria de Agricultura - 368,2 milhões de caixas - para este ano, pode não se confirmar nem em 2008, tampouco em 2009, afirmam fontes da cadeia produtiva.

 

Na Flórida (EUA), segundo maior pomar, a produção que começou a ser colhida em outubro foi rebaixada em um milhão de caixas pelo Departamento de Agricultura Americano (USDA) - caiu de 166 milhões de caixas para 165 milhões. Redução que para Margarete Boteon do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq) não deve exercer influência nem no mercado americano, nem no brasileiro. "Se a próxima estimativa permanecer nestes níveis, ela pode fixar no mercado um piso, isto é, o mercado pode não retrair mais os preços". No ano passado o estado americano colheu mais de 170 milhões de caixas e registrou rendimento recorde de 1,67 galões (3,785 litros) por caixa.

 

O consultor americano Michael Mcdougall, da New Edge com sede em Nova York, revela que o volume de suco de laranja estocado lá é superior a quatro milhões de litros - 9,5% menos em relação a setembro, mas ainda 85% maior que o volume de referente período do ano anterior. Para ele, a próxima safra deve ser ainda menor.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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