Fruto encareceu 25% e foi um dos alimentos que mais pressionaram a alta da inflação em Belo Horizonte. Outros produtos in natura, como mamão e batata, também pesaram no bolso
O ano mal começou e o tomate voltou a se destacar como vilão no orçamento das famílias mineiras. Em Belo Horizonte, o preço do fruto teve aumento de 25% e pressionou o Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC–S), divulgado ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV). O avanço do IPC-S na capital foi de 0,29 ponto percentual, passando de 0,72% para 1,01% na comparação da primeira com a segunda quadrissemana de janeiro, puxado pelo grupo alimentação, que avançou de 1,38% para 2,19%, e despesas diversas, de 0,95% para 2,02%. Das sete capitais pesquisadas, além de BH, cinco também registraram alta – Brasília (de 0,63% para 0,72%); Rio de Janeiro (de 0,86% para 1,04%,); Porto Alegre (de 0,43% para 0,60%); Recife (de 1,01% para 1,11%); e São Paulo (de 0,78% para 0,87%). Salvador foi a única a registrar desaceleração, passando de 1,12% para 1,02%. No período, o IPC-S geral passou de 0,77% para 0,89%.
Já conhecido por ter pesado no bolso do consumidor ao longo do ano passado, o tomate, entretanto, não foi o único responsável pela alta da inflação em Belo Horizonte, segundo o economista da FGV André Braz. “Muitos produtos in natura também tiveram alta de preço. A laranja-pêra avançou 12%, mamão 19%, batata, 14%, abóbora 16% e melancia cerca de 19%”, enumera. Apesar de a alta assustar os consumidores, Braz garante que o aumento é esperado para a época do ano. “A variação desses itens é sazonal. Em janeiro, o clima diminui a oferta de alimentos em todo o país”, afirma.
Na segunda semana de janeiro, as hortaliças e legumes encareceram cerca de 13% em Belo Horizonte, ante 5,5% registrados na primeira semana. Já as frutas avançaram 13,5% ante 6% no mesmo período. “Esse cenário de alta deve se repetir até o final do mês e pode se estender até o primeiro trimestre, dependendo das condições climáticas”, reforça o economista. Outro destaque, segundo Braz, foram os preços dos cursos de ensino fundamental, que passaram de 3,27% para 5,05%. “Esse índice pode chegar a 10% por causa da demanda e também pode ser considerado normal para o período”, diz.
A justificativa para alta no tomate, segundo Ricardo Fernandes, chefe da Seção de Informações de Mercado da Ceasa Minas, é o clima que voltou a impactar a produção, além de a venda do fruto estar sendo maior para outros estados. “São Paulo, Espirito Santo e Rio de Janeiro estão com oferta reduzida”, explica. Fernandes lembra ainda que, além do tomate, sofreram altas a batata-inglesa (38,2%) e cebola (39,4%). “A partir de maio, os preços começam a regularizar com o crescimento da oferta”, diz Fernandes. A dica é pesquisar, já que eles variam bastante.
Economia
Em alguns sacolões e supermercados de BH, o quilo do tomate podia ser encontrado por R$ 0,69 no início de dezembro. Agora, já é vendido por até R$ 8,15. Porém, mesmo com a variação no preço, há quem garanta que ainda é possível encontrar o produto mais barato. Segundo a dona de casa Lídia Maria Paixão, que economizou cerca de R$ 50 em uma compra de R$ 120, é possível fazer uma compra ficar mais vantajosa. “Hoje (ontem), optei por não levar o tomate para a casa e substituí o produto. Esta semana vamos comer sem o tomate, que está feio e mais caro”, afirma.
Segundo a consumidora, além dos itens de hortifruti, outros, como carne, arroz e feijão, continuam pesando no bolso do consumidor. “O jeito é substituir para evitar a compra do que está mais caro”, diz. No sacolão ABC de Minas, onde o quilo do tomate passou de R$ 0,69 para R$ 4,98, a gerente Marina Teodoro revela que a alta dos preços dos produtos é comum no início do ano por causa das chuvas, que impedem maior oferta de produtos e forçam o repasse dos preços ao consumidor.
Veículo: Estado de Minas