Mercado interno é saída para as perdas globais do algodão

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O preço pago pela indústria têxtil ao algodão no mercado doméstico vai superar a cotação da commodity nas negociações globais, segundo especialistas.

Enquanto no Brasil a oferta é limitada por uma redução de 33% da área plantada, estoques mundiais suficientes para 280 dias restringem a demanda mundial.

O produtor Gustavo Piccoli, de Sorriso (MT), participa do movimento geral da cotonicultura nacional. Atraído pela supervalorização da soja e do milho em 2012, deixou de plantar 1,5 mil hectares da fibra em troca dos grãos.

Agora, Piccoli reserva 60% do algodoeiro, que já está totalmente cultivado em três mil hectares, a indústrias locais. "O preço interno vai se descolar do mercado internacional", ele acredita, à espera de um aumento de 20%.

Para o consultor de mercado Carlos Cogo, da empresa homônima, o mercado interno vai pagar até 10% a mais pela fibra, com prêmio, em 2013. "Só uma catástrofe impediria isso", afirma.

A commodity está cotada, em média, a US$ 0,75 por libra-peso nos balcões globais, com custo de produção a US$ 0,85, de acordo com o analista. Em Sorriso, Piccoli recebe cerca de US$ 25 por arroba (15 quilos), ante custo de produção de US$ 30.

A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) estima que a área plantada foi reduzida em 33% na safra atual, saindo de 1,3 milhão de hectares, em 2011/2012, para 932, 4 mil.

"Os preços estão muito baixos, e isso fez com que o produtor reduzisse área", afirma o presidente da entidade, Gilson Pinesso, que pede reajuste do preço mínimo pago pelo governo ao algodão no Brasil.

"A redução de área veio em decorrência do anúncio da China de que, neste ano, comprará a metade do que costuma", acrescenta o diretor-executivo da Abrapa, Márcio Portocarrero.

Para a associação, o reajuste do preço mínimo, cujo valor não é alterado desde 2003, quando foi fixado em R$ 44,60 por arroba, seria uma forma de conter a retração da cultura.

Contudo, Cogo pondera: "embora o preço esteja baixo lá fora, a oferta menor vai botar os preços do mercado interno acima dos do externo". E Piccoli endossa: "em se confirmando a redução de 33% de área, o preço sobe e se descola do mercado internacional".

A Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa) estima que o plantio de algodão chegou a quase 142 mil hectares (ha) de algodão, o equivalente a cerca de 30,5 % do total da área a ser cultivada - deverá ficar em torno de 464 mil ha. No ano passado, a área cultivada foi de pouco mais de 720 mil hectares.

"O produtor mato-grossense tomou a decisão estratégica de reduzir sua área de plantio e investir mais em outras culturas, como soja e milho, que estão com a demanda mais aquecida", declarou em nota o presidente da Ampa, Milton Garbugio.

Piccoli, de Sorriso, por exemplo, ampliou sua produção de soja de oito para dez mil hectares na safra atual.

Embora acredite que os preços praticados no mercado interno, em torno do algodão, possam compensar as perdas em terreno internacional, ele comenta a defasagem no preço mínimo oferecido pelo governo: "Plantaríamos mais se houvesse essa garantia".

Os preços mínimos de todos os produtos das atividades agrícolas são definidos pelo Conselho Monetário Nacional (CNM), levando em conta diversos fatores que influem nas cotações dos mercados internos e externos e os custos de produção. As decisões devem ser tomadas 60 dias antes do início do período de plantio.



Veículo: DCI


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