Agronegócio se mantém como sustentáculo da balança em 2013

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Mesmo com as commodities agrícolas com preços menores em dólar, competitividade da safra brasileira é alta


Mesmo com a crise que afeta os mercados dos países desenvolvidos e os preços em dólar mais baixos das commodities agrícolas, o agronegócio vai continuar sendo o principal destaque da balança comercial do País em 2013.

Projeções feitas pela RC Consultores a partir de dados consolidados divulgados pela Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio mostram que as exportações do agronegócio somaram US$ 84,1 bilhões no ano passado e responderam por 34% das vendas externas do País. Sem a contribuição do agronegócio, a balança comercial no lugar de ter um resultado positivo de US$ 17,9 bilhões teria um déficit de US$ 53 bilhões.

Para este ano, a consultoria projeta que as exportações do agronegócio atinjam US$ 81,3 bilhões e representem 33,8% das vendas externas totais. E o saldo comercial do agronegócio some US$ 70,4 bilhões. "Mesmo um pouco menor, o agronegócio vai segurar a balança comercial", prevê Fabio Silveira, sócio-diretor da consultoria. Em 2012, o saldo comercial do agronegócio foi ligeiramente maior e atingiu US$ 72,8 bilhões.

O economista observa que neste ano cada vez mais as apostas estão concentradas no agronegócio como pilar da balança comercial. O saldo comercial projetado para os bens intermediários em 2013, o único setor depois do agronegócio que contribuiu nos últimos tempos positivamente para o resultado da balança comercial, deve cair pela metade, de US$ 6,4 bilhões para algo em torno US$ 3 bilhões.

"O saldo dos bens intermediários murchou e o agronegócio ainda segura a balança", diz Silveira. Ele explica os preços em dólar no mercado externo estão num patamar mais baixo, mas ainda são bons por causa da competitividade do agronegócio brasileiro, especialmente no caso da dobradinha milho/soja. Sozinho, o complexo soja, que engloba grão, óleo e farelo, responde por um terço das vendas externas do setor.

Dúvidas. As dúvidas manifestadas recentemente por economistas de que a falta de chuvas que afetou o nível de reservatórios e que poderia ter impactos sobre a produção agrícola cada dia mais remotas. "A safra está praticamente garantida", afirma o analista sênior da consultoria Safras & Mercados, Paulo Molinari. Na sexta-feira a consultoria divulgou uma nova estimativa da safra de soja para este ano, que deve atingir 84,68 milhões de toneladas. No ano passado, a produção foi de 67,76 milhões de toneladas. Uma safra maior garante um resultado comercial mais relevante, mas, por outro lado, piora a questão do frete.

Por enquanto, os agricultores do Mato Grosso que já começaram a colheita relataram que as chuvas ocorridas nas últimas semanas podem dificultar a entrada das máquinas no campo e afetar a qualidade do grãos. "Existe uma perda entre 10% a 15% na região de Sorriso por causa da chuvas, mas é localizada", conta o presidente da Cooperativa Agropecuária e Industrial Celeiro do Norte (Coacen), Gilberto Perusi. Mas essa perda localizada pode ser compensada pelos ganhos de produtividade em outras regiões.

Capitalização. Um indício de que este será mais um ano de capitalização para os produtores aparece na projeção de crescimento da Agrale, fabricante nacional de tratores. Segundo Flávio Alberto Crosa, diretor de vendas da empresa, a perspectiva é ampliar em 5% as vendas. No ano passado, a empresa cresceu 14,8% as vendas, puxadas especialmente pelos tratores pesados que normalmente são usados pelos grandes agricultores que cultivam grãos. "O produtor está capitalizado e interessado em ampliar a área e renovar as máquinas", afirma Crosa.


Veículo: O Estado de S.Paulo


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