Alta seria efeito da quebra na safra da Europa, principal fornecedor
Temperar a salada com azeite de oliva poderá ficar mais caro para o consumidor brasileiro. Por causa da seca que atingiu regiões produtoras da Espanha e de Portugal, o óleo deve ter aumento de pelo menos 10%, segundo projeções de empresas.
Esse efeito se deve ao fato de o Brasil importar praticamente a totalidade do que consome. No período 2011/2012, a importação foi de 64,5 mil toneladas, mesmo número do consumo brasileiro conforme o Conselho Oleícola Internacional (COI). Só os portugueses são responsáveis por abastecer 56% do mercado no Brasil.
Ainda não há um número formal sobre a quebra, mas as primeiras estimativas da Federação Espanhola da Indústria de Azeite apontam escassez de 200 mil toneladas. Conforme Bernardo Pontes, diretor de vendas e marketing para a América Latina da Borges Alimentos, o impacto é de um aumento de 40% no custo da azeitona, matéria-prima utilizada para a produção do azeite.
– Estima-se que a produção deste ano caiu pela metade e, com isso, o aumento para o consumidor será inevitável. Países como Chile e Austrália, também produtores de azeite, não têm capacidade para suprir esse mercado – revela Pontes.
Produção no país ainda é pequena, diz associação
O reflexo, porém, ainda não chegou ao varejo gaúcho, segundo o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo. O dirigente afirma que há disponibilidade e variedade do produto.
A quebra da safra na Europa poderia ser uma oportunidade para os produtores brasileiros. Mas não deverá ser aproveitada, na opinião do presidente da Associação Rio-Grandense de Olivicultores (Argos), Guajará Oliveira, pois não existe uma organização do setor e dos governos que permita ampliar a produção.
Mesmo com alta de 9% no consumo do azeite de oliva no país em 2012, a produção ainda é muito pequena. Mas Oliveira não acredita que a quebra na Europa leve a uma escassez do produto, pois o consumo no continente tem caído devido à crise econômica:
– Esse azeite de oliva que não será consumido na Europa deve ser direcionado para cá. Nos últimos cinco anos, o consumo interno cresceu entre 10% e 12%, e o Brasil está virando um mercado potencial para os demais países produtores.
Oliveira estima que só 10% do total cultivado (cerca de 500 hectares em 2012, segundo dados de grupo técnico da Secretaria da Agricultura) resulte na produção de óleo, em pequena escala.
Consumo crescente no país
Mesmo que o consumo ainda seja menor do que nos países europeus, a previsão é que o Brasil novamente aumente a participação no mercado do azeite de oliva em 2013:
2012
Itália: 725 mil toneladas
Espanha: 582 mil toneladas
Brasil: 64,5 mil toneladas
Mundo: 3,4 milhões de toneladas
2013
Itália: 695 mil toneladas
Espanha: 550 mil toneladas
Brasil: 70 mil toneladas
Mundo: 2,7 milhões de toneladas
Veículo: Zero Hora - RS