Crescem as vendas de produtos para volta às aulas

Leia em 6min

Ao que tudo indica o setor que produz artigos para a volta às aulas passou ao largo da crise que ganhou maior força em setembro. O setor, que tem seu pico sazonal de vendas (quase 60% do movimento) exatamente no período em que a instabilidade aumentou, não registrou abalos. Pelo contrário, papéis, lápis, cadernos já começam a chegar ao varejo em volume acima do registrado em anos anteriores. Empresas como Suzano Papel e Celulose, International Paper (IP), Tilibra, Mercur, Faber-Castell e BIC encerraram a temporada de vendas com resultados superiores aos do último ano.

 

A Suzano registrou vendas 49% maiores que em igual período do ano passado, segundo o gerente executivo de marketing e distribuição, Marco Antonio Oliveira. "Acreditamos que os maiores impactos serão sentidos em itens de maior valor e não em papelaria", disse o executivo. Segundo ele, a companhia, que comercializa papel de imprimir e escrever com a marca Report, esperava vendas 18% maiores e foi surpreendida com o aumento acima do estimado. "No ano passado, o mercado não estava muito aquecido e em 2008 nós também nos antecipamos em lançamentos, com a linha Senninha e Gabi", informou.

 

Em volumes, a Suzano vendeu cerca de 5 mil toneladas de papel cortado em 2008, quase 50% mais que no ano passado. Oliveira disse que, mesmo com aumento de demanda, os preços foram mantidos nos mesmos patamares. Apesar de os volumes serem pequenos, este é considerado um mercado estratégico para a Suzano. Isso porque, segundo o executivo, o consumo de papel está ligado diretamente à evolução da sociedade como um todo e pesquisas mostram que nos últimos cinco anos o número de pessoas nas universidades dobrou. "O que representa mais gente lendo livros, usando cadernos e tudo o mais", afirmou.

 

Por isso, a Suzano aposta no potencial brasileiro, cujo consumo de papel fica em torno de 42 quilos por ano (incluindo todos os tipos de papéis, inclusive os higiênicos), enquanto o consumo nos Estados Unidos chega a 400 quilos.

 

Além disso, o papel ganha um peso especial dentro do novo cenário local, uma vez que a Suzano é uma das poucas companhias nacionais que manteve uma posição importante tanto em celulose - que registrou uma baixa de vendas e preços no mercado mundial -, como em papel, que agora começa a despontar como uma boa oportunidade de negócios. Segundo Oliveira, o Brasil já desponta como o quarto maior mercado para impressoras no mundo, o que puxa ainda mais o consumo de papel cortado de imprimir e escrever.

 

A International Paper (IP) também informa que suas vendas para o período de volta às aulas foram boas, subindo 12%, de acordo com o diretor comercial, Nilson Cardoso.

 

A Tilibra, uma das maiores fabricantes de cadernos do País, as vendas este ano subiram 10%. "A crise não deve abalar esse segmento porque os pais se comprometem a comprar material dos filhos", disse o diretor comercial da empresa, Wagner Jacob.

 

A empresa, que acaba de completar 80 anos e desde 2000 faz parte do grupo norte-americano MeadWestvaco (MWV), aposta no licenciamento de marcas para se diferenciar no mercado.

 

Outra que não tem do que reclamar é a BIC, cujas vendas dentro da divisão de papelaria - a empresa ainda mantém divisões de isqueiros e barbeadores - subiram 26,4% para o período de volta às aulas este ano, passando dos R$ 87 milhões, registrados em 2007, para R$ 110 milhões em 2008. No ano, a previsão de faturamento da BIC Brasil somada à BIC Graphic chega a R$ 370 milhões.

 

Segundo o gerente geral da empresa, Horácio Balseiro, a BIC atingiu seus objetivos para este ano, mesmo trabalhando em período de crise. "Conseguimos fechar a maior parte dos pedidos antes da crise, o que ajudou bastante", disse. O período representa cerca de 60% das vendas da BIC no ano e a empresa acredita que, se houver algum impacto da crise, ocorrerá depois da volta às aulas. Dentro de seu mix, alguns itens importados tiveram maior pressão nos preços. "Mas não estamos pensando em aumento de preços, por enquanto", disse.

 

Os destaques da linha da BIC para este ano, empresa que detém cerca de 50% do mercado de canetas esferográficas, são as miniaturas e os produtos ecológicos. A empresa, em parceria com a Tetra Pak, lançou tanto para volta às aulas como para o consumidor corporativo a caneta BIC Ecolutions, que utiliza 40% de materiais de embalagens longa vida pós-consumo reciclado. Outros produtos dentro dessa linha ecológica são os lápis Ecolutions Evolution, que tem 40% de material reciclado de embalagens de iogurtes em sua composição.

 

Venda maior em 2009

 

"Por enquanto, o varejo está otimista com o movimento de volta às aulas e não sentimos recuo nas vendas", afirmou Sérgio Luis Smidt, diretor de unidade da Mercur. A fabricante de produtos de papelaria trabalhou em três turnos cheios desde julho e já registra um crescimento de 15% nas vendas, devendo encerrar o ano com faturamento de R$ 120 milhões. A primeira fase das vendas, para os atacadistas, foi "dentro do esperado" e agora para o varejo não houve recuo, segundo o executivo. "Este mercado é o último a sentir recessão pelo valor baixo dos produtos", disse. Por isso, a Mercur não pensa em reduzir os investimentos, principalmente na marca e já estima crescimento de até 15% para 2009.

 

Para a Faber-Castell, uma das líderes do segmento, a maior parte das vendas já foram efetuadas entre agosto e setembro de 2008, época em que o varejo começou a se abastecer para a volta às aulas. Neste ano, o crescimento estimado até o final da temporada fica entre 5% e 7%. O movimento já representa cerca de dois terços do faturamento da empresa, que encerra seu ano fiscal em março de 2009. Entre as novidades, a líder mundial na produção de lápis de madeira, que planta as próprias árvores para a fabricação, também aposta em produtos ecológicos como o EcoLápis.

 

De acordo com Alfried Plöger, presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf), os pedidos em 2008 já estão em carteira por isso, a expectativa é das melhores para o encerramento deste ano. "No geral, as contas as vendas do setor acompanham o crescimento do PIB e isso deve acontecer também em 2009."

 

Os pais de alunos, porém, devem pagar mais caro pelos produtos nesta volta às aulas. O aumento de preços fica em torno de 7% a 8%, de acordo com Plöger.

 

Plöger disse que será necessário agora saber como será o desempenho no ponto-de-venda. Muitos supermercados, que já tem parcela significativa dessas vendas, só começam a destacar o produto em janeiro.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


Veja também

Papelão vende menos em novembro

As vendas de papelão ondulado, material para embalagens considerado um termômetro da economia, tiveram qued...

Veja mais
Electrolux anuncia 3 mil demissões

A Electrolux, a maior fabricante européia de equipamentos domésticos para cozinha, abandonou sua meta de l...

Veja mais
Mattel é punida nos Estados Unidos

A fabricante de brinquedos norte-americana Mattel, das bonecas Barbie e carrinhos Hot Wheels, pagará US$ 12 milh&...

Veja mais
Na coreana LG, quanto mais discussão, melhor

O presidente-executivo da LG Electronics, Nam Yong, e seu diretor de marketing, Dermot Boden, haviam acabado de encerrar...

Veja mais
Pureza em dose cúbica

O empresário Marcelo Campos trocou de bebida quando, em um pub, recebeu uma dose de uísque com gelo cheira...

Veja mais
Altenburg abre loja em Santa Catarina e planeja chegar a São Paulo em 2009

A Altenburg inaugurou ontem sua primeira loja de varejo chamada Altenburg Store, seguindo o caminho de outras indú...

Veja mais
Rio aproveita guerra de preços neste Natal

"Este é o Natal da (TV de) LCD", sentencia um vendedor da maior loja do Ponto Frio no Rio, na zona oeste. A loja ...

Veja mais
Electrolux demite

A sueca Electrolux vai eliminar mais de 3 mil funcionários no mundo por causa do enfraquecimento da demanda por e...

Veja mais
Brasileira maquia mais os olhos e vendas sobem 190%

A brasileira nunca foi de muita maquiagem. Mas neste ano, o costume de passar "só um batonzinho" sofreu uma revol...

Veja mais