Indústria catarinense fecha 1,5 mil vagas em novembro

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A indústria de Santa Catarina registra pelo segundo mês consecutivo queda nos indicadores de comércio exterior e nível de emprego. O setor, que até setembro vinha apresentando ótimos resultados, fechou o mês de novembro com queda de 35% nas exportações em relação a outubro e de 24,1% sobre o mesmo período do ano passado.

 

No mês passado, o setor industrial, que registrou até setembro uma média de abertura de três mil empregos/mês fechou, em novembro, 1.524 vagas, segundo pesquisa da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) junto a 357 empresas. O estado, que sempre se orgulhou de seu superávit na balança comercial, computou os primeiros déficits este ano. Em outubro, com exportações de US$ 748 milhões e importações de US$ 757 milhões, o saldo foi negativo em US$ 9 milhões.

 

O resultado parcial das vendas industriais obtido pela Fiesc junto a 78 indústrias, mostra que 60 apresentaram faturamento menor na comparação com o mês anterior. Este é o único indicador que não apresentou retração este ano. Em outubro, as vendas cresceram 3,4% em relação a setembro e no acumulado do ano está com expansão de 9,3%.

 

O presidente da Fiesc, Alcântaro Corrêa, afirma que os dados ruins do mês de novembro estão relacionados em parte pelo fechamento dos portos em função das enchentes, que também prejudicaram o abastecimento do gás natural, energia elétrica e água. Outro motivo é a crise financeira internacional que afetou a demanda global na oferta e custo do crédito, nas bolsas de valores e no câmbio. "A tendência de queda deve permanecer nos próximos meses", diz.

 

Corrêa acredita no potencial das indústrias catarinenses e conta com setores como o alimentar, que responde por 23% do valor da transformação industrial do Estado e de 6,5% do Brasil. Entre janeiro e outubro deste ano, as exportações de frangos somaram US$ 1,63 bilhão, 39,92% a mais do que no mesmo período do ano passado. Já a carne suína somou US$ 380,85 milhões nos 10 meses, e cresceu 34,38%. "O mundo não vai parar, vai precisar de alimentos, moradia e infra-estrutura."

 

A indústria alimentar pretende, no entanto, reduzir a produção de frango em 20% em 2009, em virtude da menor demanda internacional. Por outro lado, o retorno das exportações para a China deverá beneficiar o setor. O setor de veículos automotores e autopeças será beneficiado a curto prazo com a isenção de IPI para carros populares e redução do imposto para outros até março de 2009. A indústria têxtil e do vestuário continuará enfrentando a concorrência com os importados, mas segundo análise da Fiesc, será beneficiado pela substituição do consumo de bens mais caros e dependentes do crédito, pelos produtos de menor valor.

 

Já as cerâmicas, que enfrentam a menor demanda internacional e tiveram a interrupção recente do gás natural por mais de duas semanas, terá seu desempenho atrelado ao da construção civil em 2009.

 

O dirigente estima que os países emergentes terão um período de nove a 12 meses de freio e dificuldades diante da crise. "Já os países ricos levarão pelo menos três anos para se recuperar", diz. Para 2009, Corrêa não prevê déficit da balança comercial. Corrêa criticou o pacote de medidas econômicas anunciado pelo governo brasileiro na semana passada. Segundo ele, as medidas só atendem o setor automotivo. "O governo tem criar benefícios também para os outros segmentos".

 

Com relação ao R$ 1,5 bilhão anunciado pela ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para os atingidos pelas enchentes, o empresário critica a morosidade como os recursos estão sendo liberados. "Há uma fábrica em Blumenau que tem 760 toneladas de fios encalhadas dentro da empresa, que foram inutilizados pelas enchentes. Eles precisam R$ 144 mil para retirar o fio de lá e não têm acesso a financiamento", conta. Corrêa afirma que há muito efeito político e burocracia e pouca prática. "Pedimos financiamento com carência de 12 meses, só conseguimos três meses, um prazo insuficiente", diz.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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