LG traça rota para voltar a crescer no país

Leia em 4min 30s

O desempenho da LG no Brasil em 2012 guardou muitas semelhanças com o desempenho geral da economia: começou cheio de esperanças de crescimento, mas acabou com um desempenho inferior ao desejado. Com expectativa inicial de crescer pelo menos 20% no país, a fabricante coreana conseguiu elevar sua receita em apenas 5% em real. Em dólar, o desempenho foi ainda pior, com recuo de 11%. A variação do dólar (que chegou a 16% no ano) e a demora em colocar alguns produtos no mercado prejudicaram a companhia.

Foi o segundo ano consecutivo de resultados ruins para a LG no Brasil. Em 2011, a receita permaneceu estacionada no mesmo patamar de 2010, de US$ 3,1 bilhões, influenciada pelo câmbio e por questões internas da companhia.

Agora, o comando da LG diz que a companhia está pronta retomar o crescimento. "Vamos crescer 20% em dólar neste ano", disse ao Valor Cesar Byun, executivo coreano que assumiu o comando da LG no Brasil em dezembro. Chamado de "mister Cesar" nos corredores da companhia, Byun disse que o cenário para os próximos meses é mais promissor que o de 2012. A começar pelo dólar, que começou o ano em um patamar mais alto, o que facilita o planejamento, segundo o executivo. Além disso, os problemas de baixa eficiência na produção, que afetaram as operações fabris nos últimos dois anos, foram resolvidos, afirmou.

Byun substituiu Chris Ho Yi, que estava no comando da subsidiária brasileira desde 2010 e voltou para a matriz, na Coreia. A mudança segue uma política da companhia, disse Byun. Todo ano, a LG promove uma "dança das cadeiras" global, remanejando executivos de diversas áreas, depois de um tempo médio no cargo.

As constantes movimentações deixaram Byun "quase" latino, a começar pelo nome. Cesar foi escolhido por ele ao desembarcar pela primeira vez na região, há mais de uma década, por ser parecido com seu nome de batismo, Chang. É costume entre executivos asiáticos escolher nomes locais ao se mudar para outros países para criar afinidade com a cultura local.

Atuar na América Latina era um objetivo do executivo desde os tempos de faculdade. Tanto que ele fez os cursos de comércio exterior e espanhol simultaneamente. "As relações da Coreia com a América Latina eram pequenas [nos anos 70 e 80] e aqui temos 34 países com a mesma língua e um grande potencial", disse o executivo. Desde que veio para a América Latina, Byun comandou operações no Chile, no México, no Panamá e na Colômbia. No Brasil, teve uma passagem entre 2004 e 2008. No começo do ano passado, voltou ao país para comandar a área de entretenimento residencial, como TVs e aparelhos de som.

Segundo Byun, mesmo com o resultado fraco de 2012, o Brasil se manteve como segundo maior mercado da LG no mundo, atrás dos Estados Unidos - a posição foi alcançada em 2011, depois que outros grandes mercados tiveram seus resultados afetados pela crise econômica mundial. O Brasil representa aproximadamente 5% da receita global da LG, de US$ 45,2 bilhões em 2012. O resultado obtido no ano passado foi 6% inferior ao de 2011, mas colocou a companhia de volta no caminho da lucratividade: o resultado foi de US$ 80,7 milhões, contra prejuízo de US$ 251,1 milhões em 2011.

Para manter a posição do Brasil, a LG deu início a uma série de ações, que pretende intensificar neste ano. A companhia abriu uma loja própria em Recife em 2012 e prevê abrir mais nove até 2015. Em São Paulo, foi estabelecido um centro de suporte técnico próprio, enquanto as linhas de produção nas duas fábricas brasileiras foram ampliadas.

Na fábrica de Manaus, a companhia ampliou a área de produção em 30% e 35%, respectivamente em 2011 e 2012, para aumentar a produção de TVs, equipamentos de áudio e de aparelhos de ar-condicionado. Em Taubaté (SP), onde já são produzidos celulares e notebooks, uma adaptação foi feita no ano passado para iniciar a produção de máquinas de lavar roupa.

Segundo Byun, o investimento na unidade de Taubaté foi feito depois do engavetamento do projeto de uma fábrica para eletrodomésticos em Paulínia, também no interior de São Paulo. Anunciada no fim de 2010, a unidade teria investimento de US$ 115 milhões e abrigaria a produção de aparelhos da linha branca. A iniciativa não se justificou por conta do baixo volume de vendas desse tipo de produto. "Vamos importar geladeiras em 2013 para testar o mercado e ver o que fazemos em 2014", disse.

A previsão é que a LG ofereça um portfólio de 400 produtos em 2013, superior aos 350 do ano passado. A estratégia é atacar o segmento de produtos mais baratos, mas também alinhar a operação ao posicionamento global da companhia, de focar em produtos sofisticados, com margens maiores. Até março, o Brasil vai receber produtos como o smartphone Optimus G e as TVs com tecnologia Oled (sucessora do LED), apresentadas mundialmente em janeiro.

Existe espaço para esse tipo de produto no país, disse Byun, caso de uma TV de 84 polegadas, lançado no fim do ano passado por R$ 40 mil. "O Brasil está atrás apenas dos EUA no número de unidades vendidas", afirmou. Tanto os smartphones quanto as TVs terão fabricação local.



Veículo: Valor Econômico


Veja também

Entrevista com Nildemar Secches

'A BRF ficou exposta. Eu não merecia isso'Executivo diz que havia programado uma saída tranquila, mas que ...

Veja mais
Linha branca mais cara bate à porta

Varejistas e a indústria de eletrodomésticos negociam reajustes de preços que já afetam o es...

Veja mais
Marisa aumenta vendas e lucro, segundo analistas

A varejista de vestuário Marisa apresentará hoje, após o pregão, mais um trimestre de bons r...

Veja mais
Similares e genéricos vão acirrar disputa por espaço em 2014

As farmacêuticas vão intensificar nos próximos meses as conversas com a Agência Nacional de Vi...

Veja mais
Safra da laranja: Perdas podem chegar a 60 milhões de caixas

A safra de laranja registrada no último período (2012/2013), estimada pelo mercado em 300 milhões d...

Veja mais
Setor de vestuário critica pedido de salvaguardas da indústria

Os varejistas de vestuário mostraram contrariedade aos pedidos da indústria brasileira de que o governo fe...

Veja mais
Varejistas reagem à eventual presença de Abilio Diniz no conselho da BRF

Supermercadistas se irritam como fato de o empresário interferir na administração O francê...

Veja mais
Setor têxtil espera que governo crie cotas para importação a partir de abril

Sem proteção, indústria têxtil tem déficit de US$ 5,3 bilhões no saldo de sua b...

Veja mais
Temporada de descontos avança em todo RS

Liquida Tchê começa hoje em 100 municípios gaúchos com a meta de superar os R$ 2 bilhõ...

Veja mais