Junqueirópolis certificará acerola

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Maior município produtor no Estado faz 70 produtores adotarem boas práticas para obter selo de qualidade

 

Pequenos produtores de acerola de Junqueirópolis, no oeste paulista, dão exemplo de como boas práticas agrícolas contribuem para aumentar os lucros do agricultor familiar. Reunido numa associação, um grupo de 70 pequenos agricultores produz a fruta dentro de um sistema próprio de gestão de qualidade, focado na segurança alimentar e nas questões sociais e ambientais.

 

A iniciativa, que teve início em 2002, dá agora os primeiros resultados: a fruta ganhou mercado interno e externo e o preço da fruta desta safra está até 80% maior do que na anterior. A expectativa é a de que o município colha 3.800 toneladas na safra 2008/2009, mas a falta de chuvas pode causar uma queda de até 20% na colheita, que teve início em setembro e vai até maio.

 

LUCRO

 

Nem mesmo a quebra, porém, desanimou os produtores. O preço do quilo de acerola, vendido por R$ 0,50 a R$ 0,60 na safra passada, chegou a R$ 0,90 nesta safra para o produtor. "Isso se deve às nossas práticas, que tornaram nosso produto conhecido no Brasil e no exterior", diz o presidente da Associação Agrícola de Junqueirópolis, Osvaldo Dias. Do total produzido pelos 70 associados (média per capita de 1,5 hectare), 60% são exportados, especialmente para Japão e Europa, que compram a polpa congelada.

 

Em 2003, a associação instalou, com o Sebrae, uma gestão de qualidade no campo visando à certificação Global Gap, mas em 2005, quando começou a seguir as normas do protocolo da Global Gap, a certificação não ocorreu pelo fato de não haver defensivos registrados para a acerola no País. Mesmo assim, a gestão foi mantida e chegou a ser auditada duas vezes pela certificadora Organização Internacional Agropecuária (OIA).

 

"Os produtores continuaram com as boas práticas, e o mercado passou a respeitar a fruta de Junqueirópolis, que, mesmo sem certificação, obedecia à Global Gap", diz o gerente da OIA Brasil, Edegar Rosa. Em maio de 2009 a certificação deve finalmente sair, após o Ministério da Agricultura ter normatizado o registro de defensivos para culturas menores, incluindo a acerola.

 

Na Chácara Dois Irmãos, o casal Antônio Frederico Bonini e sua mulher, Cláudia Alves Bonini, vão colher 50 toneladas de acerola em 400 pés irrigados por gotejamento em 9 mil metros quadrados. Na safra passada, os Bonini colheram 58 toneladas, vendidas por R$ 0,65 o quilo. "Comprei um carrinho e reformei minha casa", conta Bonini. Segundo ele, a grande vantagem da acerola é o tempo de colheita, considerado longo, que deixa o agricultor capitalizado por pelo menos oito meses do ano.

 

O ânimo é tanto que o produtor vai investir parte dos lucros na expansão do pomar, que ganhará mais 200 mudas, que produzirão a partir de setembro. "A nossa arma é a irrigação, que nos ajuda a manter a produtividade", diz Cláudia. A irrigação provém de um poço comunitário, que beneficia cinco propriedades. "Se o tempo fica seco, preciso de 100 litros a cada 12 horas por pé, mas a irrigação é feita a cada 36 horas em metade da plantação. Mas, se chove, os frutos nascem bonitinhos", diz.


Laboratórios têm interesse

 

Variedades mais ricas em vitamina C estão sendo testadas para atender à indústria farmacêutica

 

As câmaras frias vão ajudar no armazenamento de frutas que serão vendidas no mercado interno e também para congelar acerolas verdes que serão vendidas a laboratórios. "Até agora, nossa acerola é vendida para empresas de polpa que exportam ou vendem para a indústria no mercado interno", diz o presidente da associação, Osvaldo Dias.

 

Segundo ele, o próximo passo é fechar vendas para laboratórios interessados no processamento da vitamina C da acerola. Para isso, a associação está plantando uma nova variedade e mais duas variedades, uma da Embrapa, e outra própria, estão sendo testadas.

 

Dias lembra do início da atividade, quando os produtores testaram diversas variedades até encontrar na olivier (nome da família que forneceu as mudas) a mais apropriada. "O problema é que essa variedade não é tão forte em vitamina C como exigem os laboratórios."

 

A preocupação dos produtores agora é com as plantações de cana, que começam a chegar próximas dos pomares. O receio é o de que os agrotóxicos contaminem os pomares. Por isso, a associação negocia com os plantadores de cana uma maneira de eles usarem produtos que não afetem a acerola. Ao mesmo tempo, a Unesp passou a monitorar a área para saber qual influência os produtos da cana têm sobre a acerola.

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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