A pressão do impacto da crise internacional fez com que as grandes varejistas de eletrodomésticos, eletrônicos e móveis aumentassem a política de promoções para limpar os estoques de bens duráveis e aquecer as vendas de fim de ano, à espreita de qual será o comportamento do consumidor no primeiro trimestre de 2009. Segundo apurou o DCI, redes como Casas Bahia, Magazine Luiza, Ricardo Eletro, Berlanda e Lojas Colombo abaixaram de até 20% os preços de alguns produtos para atrair os gastos com o 13º do consumidor, principalmente depois de encerrarem novembro com vendas abaixo do esperado. Com a ação de descontos, em que produtos como uma lavadora de roupas, que custava R$ 1,5 mil, agora é vendida a R$ 1.199 na Super Casas Bahia, por exemplo, algumas redes vislumbram alta de até 30% nas vendas de Natal, entre itens de alto valor agregado, para este fim de ano.
Na edição paulista deste ano da Super Casas Bahia, evento que se estenderá até o próximo dia 3 de janeiro, a palavra de ordem é promoção para limpar estoques. Com a expectativa de faturar R$ 80 milhões este ano, o megaevento aposta fortemente na venda de produtos de alta tecnologia, como televisores de LCD e de plasma e os lançamentos da indústria para a ocasião. No último final de semana, mais de 100 mil pessoas passaram pelo local, e a LG queimou todo seu estoque de televisores no período ao conceder quase 20% de desconto em um de seus modelos.
O responsável pela linha branca no evento, Maurício Oliveira, comentou que na semana passada foram vendidos cerca de 20 kits com refrigerador, lavadora e microondas. "Após o pagamento da segunda parcela do 13º salário, nossa meta é elevar estas vendas 100%", destacou. Outra estratégia da varejista fundada por Samuel Klein é presentear os clientes com brindes. "Em algumas promoções realizadas durante o evento vendemos quase 40 lavadoras ao dar um microondas de brinde", disse Oliveira.
A paulista Magazine Luiza, com 449 lojas em sete estados, registrou incremento de 220% no volume de televisores de tela de LCD e de Plasma comercializados até o mês passado, na comparação com igual período de 2007. De acordo com Marcos Antonio Borges, gerente estadual de São Paulo da rede, "a grande aposta são televisores de LCD, celulares, câmeras digitais e a linha de reprodutores de música como MP3. Também compramos mais brinquedos, porque viramos líderes neste segmento". Na opinião do executivo, a geração de televisores mais moderna "não foi impactada pela alta do dólar nos últimos meses, pelo contrário, a rede foi beneficiada com a produção em larga escala quando o dólar ainda estava em baixa, e a entrada da TV digital fomentou a venda desses itens". Além disso, a companhia fez parte de suas compras antes do período da crise, já que inaugurou 44 lojas em setembro na Grande São Paulo.
Apesar de esperar vendas 30% superiores neste Natal em relação ao do ano passado, a rede da empresária Luiza Helena Trajano viu desempenho, nas vendas de novembro, abaixo dos 18% esperados para o mês. Segundo o gerente estadual de São Paulo da rede, "o plano era encerrar o mês passado com vendas 18% maiores em relação a 2007, mas a meta não foi atingida." Recentemente, a superintendente do Magazine Luiza queixou-se das vendas na primeira quinzena de novembro, mas disse acreditar que o consumidor iria às compras em cima da hora, este ano.
A linha branca (refrigerador, lavadora e microondas) também está com grande demanda na varejista. "Em 2008, as vendas de máquinas de lavar roupas foram que mais cresceram. Estão surgindo muitas novidades e os consumidores com certeza vão trocar seus eletrodomésticos", pontuou Borges, gerente da empresa. Para janeiro, ainda é avaliada a realização da "Liquidação Fantástica", evento de um único dia em que diversos itens têm descontos de até 70%. A crise e a realização da sexta edição do evento concorrente, Super Casas Bahia, em São Paulo, são os principais condicionantes desta situação. "Ainda estamos estudando a viabilidade de manter a ação para janeiro", afirmou Borges, à reportagem.
Múltiplos
A projeção da mineira Ricardo Eletro, que estreou no mercado carioca este ano e tem 250 lojas, é que as vendas cresçam até 18% neste final de ano. "Não alteramos nosso planejamento em virtude da crise internacional, inclusive temos registrado bom desempenho nas últimas semanas", garantiu Ricardo Nunes, presidente da rede, que faturou R$ 1,7 bilhão no ano passado. O empresário diz estar ainda otimista e acreditar que as vendas de TVs de LCD e plasma vão "triplicar" neste ano e as dos celulares serão "até 40% maiores".
Já Thiago Proença Baisch, diretor de Marketing da gaúcha Lojas Colombo - que prevê faturar R$ 1,3 bilhão este ano, valor 9% superior ao de 2007 -, vê alta aproximada de 10% nas vendas sazonais sobre 2007, "apesar de os primeiros dias terem registrado vendas abaixo do esperado". "Neste momento o dinheiro ainda está no bolso do consumidor, a diferença é que alguns, diante da instabilidade, podem postergar a compra", avaliou. Baisch aposta no upgrade de produtos para alavancar o consumo. "A população deverá comprar refrigeradores de duas portas, notebooks e televisores com tela de LCD. Nossa campanha deste ano incentiva isso."
Na rede Berlanda, que espera ganhos de R$ 200 milhões este ano, 40% a mais que em 2007, a previsão é 20% de aumento nas vendas natalinas. O presidente, Nilso Berlanda, crê que televisores e celulares vão puxar as vendas este ano, e brinquedos.
Veículo: DCI