Intenção é fixar volume de entrada do produto estrangeiro em 850 mil toneladas anuais
A abertura oficial da Colheita do Arroz, que ocorre no próximo dia 23, em Restinga Seca, será marcada neste ano por uma grande mobilização dos arrozeiros em busca da criação de cotas para a importação de arroz dos países do Mercosul. A ideia é reunir lideranças e traçar um plano estratégico com vistas a reduzir a entrada indiscriminada de arroz dos países vizinhos. “Como não podemos acabar com o Mercosul, o pleito das cotas virou nossa principal bandeira, especialmente agora que conseguimos a renegociação das dívidas dos produtores,”, disse o presidente da Federarroz, Renato Rocha.
Segundo o dirigente, de março de 2012 a janeiro de 2013 foram importadas 890 mil toneladas do cereal, especialmente da Argentina, Uruguai e Paraguai. Apenas entre novembro e dezembro do ano passado, foram 150 mil toneladas. Houve períodos que esse volume chegou a ultrapassar um milhão de toneladas. “O ideal seria fixar em 850 mil toneladas ao ano, volume que representa a média dos últimos cinco anos. Esse seria um montante considerado bom e que não derrubaria o mercado interno”, disse o presidente do Irga, Claudio Pereira, que classificou a participação do arroz “hermano” no mercado nacional como “cativo e oportunista”.
Para Pereira, o cereal importado sempre sai beneficiado, pois acaba sendo negociado em situações em que o mercado brasileiro se encontra aquecido. “Isso não é justo com os produtores, pois o arroz importado também deve estar suscetível as nossas variações internas”, avaliou o dirigente.
O problema, conforme Rocha, é que o produto entra no Brasil com preços mais baixos do que os praticados no mercado interno, achatando os valores do arroz produzido no País. Além disso, não existe um regramento sobre quando o produto poderia entrar. “No ano passado, havia arroz sendo importado durante o período de colheita aqui no Estado, ou seja, numa época em que não há a mínima necessidade de compra externa”, protesta o presidente da Federarroz.
Com a medida, espera-se ajustar a produção à demanda do mercado. “Sabemos o consumo interno, bem como a média do que exportamos, então, precisamos quantificar o que importamos para definir a área a ser plantada e, com isso, evitar excesso de oferta”, detalhou Pereira.
A ideia das lideranças é percorrer entidades de classe, como Farsul, Fetag, Fiergs, Fecomércio e, ao mesmo tempo, manter contatos com deputados estaduais e representantes gaúchos no Congresso Nacional em busca de apoio à medida, que será apresentada ao ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho e, num segundo momento, à presidente Dilma Rousseff. “É uma decisão demorada que depende de uma forte articulação política. Não acredito que tenhamos alguma solução para a safra 2013/2014”, disse o presidente do Irga.
Veículo: Jornal do Comércio - RS