Asiáticos desviam nove graneleiros que viriam buscar grãos no país
O atraso nos embarques de soja nos portos brasileiros obrigou os importadores chineses a negociar a compra de nove navios de soja dos EUA. O carregamento deve começar no próximo mês.
Ao menos dois desses graneleiros, cada um preparado para receber entre 50 mil e 60 mil toneladas de soja, foram redirecionados para carregamento no golfo dos EUA como alternativa devido ao fato de os prazos de operações nos portos no Brasil superarem 40 dias.
Os demais carregamentos, comprados com antecipação pelo maior importador de soja do mundo, serão carregados na Costa-Oeste dos EUA, onde os portos estão localizados numa rota mais direta para a Ásia.
GREVE
Infraestrutura deficiente para escoamento, maior safra da história e protestos de trabalhadores contra mudanças na legislação têm afetado a operação dos portos brasileiros neste ano.
A greve dos portuários, principalmente em Santos (SP) e em Paranaguá (PR), em protesto contra o novo marco regulatório do setor, pode ter atrapalhado o fluxo de soja para a China.
Nove categoria de portuários, a maior parte formada por trabalhadores avulsos (que, por lei, devem ser contratados pelos terminais), realizaram na sexta-feira uma greve de seis horas, que paralisou o porto de Santos, o maior do país.
Após uma reunião com o governo, os sindicalistas suspenderam a greve de 24 horas marcada para amanhã.
Os sindicalistas anunciaram uma trégua até 15 de março, mas pressionam o governo a mudar a medida provisória e alterar o artigo que desobriga os terminais privados a usar mão de obra avulsa.
Na prática, o governo paralisou até março o pacote de investimentos de R$ 54 bilhões previstos no Programa de Investimento em Logística de Portos.
Os trabalhadores querem que o governo obrigue portos privados a contratar mão de obra dos portos públicos, os chamados Ogmos (Órgãos Gestor de Mão de Obra), e que equalize a concorrência entre portos públicos e privados. Eles argumentam que os portos privados foram beneficiados pela MP vão roubar carga dos portos públicos, deixando-os sem trabalho.
Veículo: Folha de S.Paulo