Queimões abrem espaço para o frio

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Liquidações de verão estão em seus últimos dias. Lojistas oferecem descontos de até 70% para acabar com estoques


“Liquida Tudo, 50% Off, Limpa Estoque, I love Liquidação, I Love Sale”. As faixas com anúncio de promoção dentro das lojas estão por todos os lados nas ruas e shoppings de Belo Horizonte. Quem não comprou com descontos de 30% em janeiro, agora tem a chance de adquirir peças oferecidas com preços de 50% a 70% menores. Como o verão ainda está a todo vapor, os lojistas retardaram o lançamento da coleção de inverno e aproveitam para fazer um verdadeiro queimão do que sobrou da estação mais quente do ano. Alguns estão com a coleção outono/inverno guardada no estoque, à espera da baixa das temperaturas para colocar nas vitrines.

Se quiser pagar mais barato, o consumidor deve aproveitar agora. Os novos lançamentos vão chegar com preços em torno de 50% mais caros. Na loja de calçados Fiki Pizi, o estoque caiu muito depois da promoção de 50% iniciada há quinze dias. Antes, a cada compra de dois sapatos, o terceiro era de graça. Parte do lançamento de inverno, como o modelo Oxford (tênis com salto) já está no estoque, mas a gerente Regina Célia afirma que aguarda a queda das temperaturas para colocar nas prateleiras. “Está muito quente ainda, estamos esperando esfriar mais. Como eu coloco a bota para vender agora nesse calor?”, indaga Regina.

A estudante Amanda Lott comprou dois tênis por R$ 29,90 cada na sexta-feira. Ela ficou surpresa com o preço nas prateleiras. “Eu acompanho esse tênis e costuma custar na faixa de R$ 100”, diz. E ela tem razão. Antes do saldão, o tênis que Amanda comprou estava por R$ 99,90 na loja Ideale, de calçados e acessórios. Depois o preço caiu para R$ 69,90. “Estamos nos últimos dias de liquidação, até durar o estoque. O frio tem que chegar logo”, afirma a gerente da loja, Amanda Fernandes. Ela conta que as vendas cresceram em torno de 50% com o queimão.

E se for depender dos preços das mercadorias, os lojistas fazem mesmo figas para as temperaturas caírem logo. Na Ideale os preços dos sapatos hoje custam a partir de R$ 29,90. Já as botas vão chegar com valor médio de R$ 189.

O gerente da loja de roupas masculinas Sketch, Glaison Vieira, também está na torcida para o inverno não demorar a chegar. A loja está liquidando com 50% de desconto desde janeiro. “Mas está quase acabando o estoque de verão. Se o calor continuar, não sei qual vai ser nossa estratégia”, diz. A professora de inglês Cláudia Almeida aproveitou a promoção e foi na sexta-feira olhar algumas roupas, como bermudas. Ela não se importa de comprar o produto no fim do verão. “A bermuda e a camiseta eu consigo usar ao longo do ano, pois nosso inverno é muito fraquinho, para inglês ver mesmo”, observa a consumidora.

TEMPORADA MAIOR A Betina, de roupas femininas, estendeu a promoção de verão por mais tempo. “Começamos a liquidação em 15 de janeiro. Geralmente dura só um mês. Mas como está muito quente, decidimos aumentar o prazo”, afirma a proprietária da loja, Regina Farah. O inverno vai ser lançado em março, com destaque para cores como o vinho, branco e preto, estampas de bichos, listras, renda e transparência.

Na loja de roupas femininas Contempo, muitas prateleiras estão vazias. “A intenção é acabar com tudo mesmo. Não é vantagem ter mercadoria no estoque”, diz a gerente Leila Magalhães. A promoção da loja começou com descontos entre 50% e 60%. Agora já está em 70%. “Queremos finalizar com o verão.”

Em função da promoção antecipada dos shoppings, a loja de roupas femininas Botões também precisou mudar sua estratégia. “Geralmente fazia a promoção em março e lançava o inverno em abril. Agora, começamos a promoção antes do Carnaval, com até 70% de desconto”, afirma uma das sócias da loja, Lúcia Sette Câmara. A analista de sistemas Michelle Hanne aproveitou as ofertas: comprou na sexta-feira uma blusa transparente preta por R$ 65. Antes, o produto custava R$ 129. “Eu vim com minha irmã que ia comprar uma calça e uma blusa. Achei o preço bom e resolvi levar também”, diz. Ela ainda não comprou nenhum produto de inverno neste ano. Mas na sua lista tem uma bota e um calça mais quente.


Temperatura decisiva

A venda de vestuário é inversamente proporcional ao tempo, afirma Michel Aburachid, presidente do Sindicato da Indústria do Vestuário de Minas Gerais (Sindivest). “Quando faz frio, as vendas crescem e os agasalhos são mais caros. Quando esquenta, as vendas caem”, observa Aburachid. A indústria, diz, já começou a entregar a produção de inverno aos lojistas. Segundo ele, os preços chegaram de 6% a 7% mais caros neste ano. “O custo do tecido e da mão de obra subiram. E os nossos salários são muito atrelados ao valor do mínimo”, observa .

Casacos nas vitrines

A Complemento Nominal não se inibiu com as altas temperaturas e já lançou a coleção de inverno na semana passada. “Tenho desde peças mais pesadas a mais leves, como a jaqueta militar e a blusa de malha com a mesma estampa. Já a bota vou deixar para colocar nas prateleiras no fim de abril e início de maio”, diz Maria Emília Prates, dona da loja.
Como o estoque de verão esgotou rápido, a loja de roupas femininas Mercado foi obrigada a colocar o inverno nas prateleiras. “O estoque já estava muito baixo em janeiro, por isso começamos a vender o inverno”, afirma a gerente da loja, Rebeca Castro.

Já a Jey colocou o lançamento de inverno junto com o verão. “Mesmo com o calor forte, começou a procura pelo inverno. A blusa de lã está saindo, as pessoas buscam novidade”, afirma Renata Dolabela, gerente da Jey.
A estratégia da Elvira Matilde, loja de roupas femininas adultas e infantis, é incluir regatas e vestidos sem mangas nas coleções de inverno. “Como o frio não é muito forte aqui, temos peças mais frescas”, diz Laura Queiroga, gerente da loja.



Veículo: O Estado de Minas


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