Refeição básica tem alta de 60% na região

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A dona de casa, habilidosa em pesquisar e calcular quais são os produtos de qualidade e mais baratos para preparar os melhores almoços, teve que deixar de lado alguns itens de uma refeição básica. O preço médio para o preparo do tradicional arroz com feijão, carne com batata e salada de alface, tomate e cebola subiu 60% em um ano encerrado na última semana de fevereiro.

Os três ingredientes desta refeição que mais encareceram no período foram a batata, com alta de 147%, o tomate, com 145%, e a cebola, cujos preços elevaram 80%. Depois dos protagonistas da alta, seguem o arroz, com inflação de 50%, o feijão, com 33%, a alface, que encareceu 19%, e a carne de segunda, com expansão média de 7% no preço do quilo.

Com isso, os consumidores que pagavam, em média, R$ 27 pelo grupo de produtos no fim de fevereiro de 2012, gastam agora R$ 40 - R$ 13 a mais. Isso considerando a compra de um quilo de feijão, carne, batata, cebola, tomate, o pacote de cinco quilos de arroz e um pé de alface. As informações são de cruzamento de dados elaborado pela equipe do Diário com base na pesquisa semanal da cesta básica da região da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André).

SOLUÇÃO - A pensionista Margarida Bianchi se assustou com a inflação dos alimentos. Ela contou que prepara várias vezes por mês o arroz com feijão, batata com carne e salada de alface, tomate e cebola. "É uma comida básica", disse. Sem levantar dúvida sobre a sua experiência em comprar os melhores produtos pelos menores preços, a dona de casa revelou: "No ano passado, comprava o quilo do feijão por R$ 2,50. Hoje está entre R$ 5 e R$ 6."

O superintendente de gestão de oferta da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Paulo Morceli, explicou que a cultura do grão no País enfrenta três problemas nas regiões produtoras mais importantes e o resultado foi a elevação de preços por menor oferta. No Rio Grande do Sul, houve seca no começo de 2012. No Oeste do Paraná, os produtores preferiram plantar o milho, que estava mais rentável. E no Nordeste, como em Irecê, na Bahia, forte produtora de feijão-carioquinha, foi a falta de chuva.

"Tudo indica que nos próximos três meses os preços vão se manter no patamar atual. A partir de julho, pode ocorrer uma mudança, se começar a chover no Nordeste", destacou Morceli.

Na residência da dona de casa Rita de Santana as coisas já mudaram. "Há alguns meses, compro só feijão-preto. Está bem mais barato. Pago em média R$ 3,50 pelo quilo." Ela também substitui a salada de alface, tomate e cebola por cenoura e beterraba. "Principalmente o tomate subiu muito", disse, garantindo que seu marido não reclama da mudança. "Ele come de tudo", brincou.

A professora Daniela Gervazoni Moura prepara a refeição, pelo menos uma vez por semana. "O alface e o tomate subiram muito. Tenho trocado por pepino, por exemplo, que está mais em conta para fazer uma salada", contou. "Falam que está caro por causa da chuva. Aí a chuva acaba e é por causa do calor. Não tem jeito, o preço não desce", criticou.

Segundo o engenheiro agrônomo da Craisa Fábio Vezzá De Benedetto, as hortaliças sofrem impacto do clima, que atrapalha a produção. "Prejudica a logística, aumentam os insetos, ocorre o apodrecimento mais rápido e o produtor gasta mais com agrotóxico. Tudo isso eleva os preços."

BARREIRA - O técnico agrícola da Craisa Joel Diogo Guerra pontuou que o início de ano é o período que o País mais importa cebolas. "E a Argentina, principal oferta, tem restringido o abastecimento fechando a fronteira com o Brasil", disse.

O pesquisador do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) João Paulo Bernardes Deleo explicou que, no caso da batata, os produtores passam por período de recuperação de preços após alguns anos amargurando descapitalizações. Já para o arroz, o especialista do Cepea responsável pela área, Lucilio Alves, avaliou que a produção "foi menor no País (em 2012), devido a menor área cultivada e problemas climáticos no Sul e no Nordeste, que reduziram a produtividade agrícola", ao mesmo tempo em que a demanda se manteve. Vezzá, da Craisa, opinou que a inflação da carne de segunda, por sua vez, segue a tendência vista nos últimos anos.


 
Veículo: Diário do Grande ABC - SP


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