Empresa quer deixar de ser apenas exportadora de commodities
A BRF, empresa criada a partir da fusão entre Sadia e Perdigão, prepara a casa para dar uma virada no mercado global e tornar-se uma multinacional de alimentos.
A indústria quer deixar de ser uma exportadora de commodities e substituir cada vez mais as vendas de carne "in natura" por alimentos processados, com marca, conveniência e valor agregado.
"Queremos replicar o modelo de negócios do mercado interno para o externo", disse ontem Antonio Augusto De Toni, vice-presidente de mercado externo da empresa.
"Estamos criando uma estrutura para a globalização", afirmou o presidente da BRF, José Antonio do Prado Fay.
A estrutura inclui uma nova organização para a corporação. A operação global deve ser separada da brasileira, com a nomeação de um presidente global para a BRF.
O nome de Fay é o mais provável para o posto. Ao completar 61 anos, em novembro de 2014, será obrigado pelo estatuto da BRF a deixar a presidência-executiva.
Segundo ele, a nova estrutura começou a ser discutida em setembro do ano passado, mas a decisão caberá ao novo conselho de administração, que será eleito em abril.
A internacionalização da BRF deve ser o foco de seu novo conselho, que pode ter o empresário Abilio Diniz como presidente e o ex-presidente da Previ Sergio Rosa -um dos responsáveis pela globalização da mineradora Vale- como vice.
MARCA GLOBAL
Embora produtos com as marcas Sadia e Perdix já possam ser encontrados nos 140 países para os quais a empresa exporta, a BRF quer ampliar a presença nas gôndolas estrangeiras.
O primeiro passo foi investir em marketing. Após 18 meses de trabalho, foi criada uma nova identidade visual para a marca Sadia, única para todo o mundo, e que será trabalhada como "premium".
Na área operacional, o plano é processar a carne produzida no Brasil em unidades no exterior. Até o final deste ano, a empresa inaugura uma fábrica de processados em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, e define a construção de outra unidade na China.
Outro ponto da estratégia é ampliar a distribuição própria no exterior. No ano passado, 22% dos produtos vendidos pela BRF fora do país tiveram distribuição própria. A empresa quer ampliar esse percentual para 30% em 2013.
Ao eliminar um intermediário, a empresa pode aumentar sua margem de lucro, que foi impactada no ano passado pelo aumento dos custos.
A maior processadora de alimentos do país teve queda de 41% no lucro de 2012, para R$ 813 milhões.
Apesar de melhora expressiva no quarto trimestre, o resultado foi prejudicado pelo cumprimento do acordo com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) que obrigou a empresa a vender ativos que equivalem a um terço da receita no país.
Veículo: Folha de S.Paulo