Açúcar Guarani seria potencial parceira para a NovAmérica

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Em um momento de desvalorização de ativos, por conta do cenário econômico e financeiro atual, a briga entre grandes grupos do setor sucroalcooleiro interessados por fatia do Grupo NovAmérica vai ficar mais acirrada.

 

No mês passado, veiculou a informação de que a Cosan, ETH (Odebretch), Cargill e Bunge estariam entre os interessados em negociar aquisição de usinas da empresa, dona da marca União, que admitiu recentemente estar conversando com outras companhias do setor, já que enfrenta dificuldades para renegociar dívidas, após o estouro da crise financeira global.

 

Na avaliação de fontes ligadas ao setor, a Açúcar Guarani também poderia ser uma das interessadas, embora seja concorrente da NovAmérica no mercado de açúcar refinado no Brasil. Faria sentido, segundo avaliações, o interesse da Guarani em participar dessa disputa, para evitar que uma líder do setor como a Cosan fortalecesse sua presença, com a compra de usinas da NovAmérica, na região do interior de São Paulo onde ela atua.

 

Conforme avaliação de uma fonte, 70% da cana esmagada pela Guarani é adquirida de terceiros. "A Guarani teria um líder do setor concorrendo com ela pela compra da cana. Pelo menos uma das conseqüências seria a elevação do preço da matéria-prima. Além disso, se a Cosan fecha negócio com a NovAmérica, seria o líder do setor entrando no mercado de açúcar refinado, significativo para a Guarani", avaliou uma fonte. NovAmérica e Guarani são líderes nesse nicho.

 

O analista Eduardo Condo, da corretora Concórdia, opina que eventual interesse dessa companhia, se houver, não seria um despropósito. "A Guarani tem unidades próximas às do Grupo NovAmérica. Não seria um despropósito pela possibilidade de direcionar a produção. Pela proximidade geográfica, a Guarani faria bom aproveitamento dos ativos, otimizando sua produção", avaliou.

 

Além disso, o momento de desvalorização dos ativos, de modo geral no mercado, por conta do cenário atual, é oportuno para que os grupos mais capitalizados adquiram unidades já em funcionamento e bem estruturadas, caso da NovAmérica, ao invés de apostar na construção de novas plantas. Ainda na avaliação da fonte, para o grupo francês Tereos, controlador da Guarani, poderia ser interessante aumentar sua participação no Brasil nesse momento.

 

Procurada pelo DCI, a Açúcar Guarani disse que não comentaria o assunto.

 

Perfil

 

A NovAmérica tem um volume de moagem de cana significativo, o que torna a companhia interessante aos olhos de outras empresas líderes do setor, na opinião de analistas de mercado.

 

Na safra passada (2007/08), as usinas do grupo esmagaram 7 milhões de toneladas de cana-de-açúcar e a comercialização de açúcar no mercado interno somou 239 mil toneladas do tipo cristal, 609 mil toneladas de refinado, além de outras 123 mil toneladas de açúcar líquido no período entre 30 de abril de 2007 e 30 de abril deste ano. As informações são do Grupo NovAmérica e foram fornecidas por Condo, da Concórdia. Já para o mercado externo, o grupo forneceu 117 mil toneladas de açúcar cristal e outras 11 mil toneladas de açúcar refinado.

 

Segundo o site da NovAmérica, suas unidades paulistas estão localizadas em Tarumã, Sertãozinho, Maracaí, Piedade e Paraguaçu. Além delas, há uma outra no Mato Grosso do Sul, em Caarapó. O grupo produz principalmente açúcar, com volume anual de 550 mil toneladas de açúcar.

 

O fato de o grupo ser dono da marca União, e por isso líder de vendas de açúcar no varejo no mercado interno, não é o chamariz que leva as grandes empresas do setor a se interessar pela companhia, na opinião de especialistas nesse mercado.

 

"A produção de refinado deve representar cerca de 4,5% do total produzido pelo setor sucroalcooleiro, somando açúcar e etanol", comentou Tarcilo Rodrigues, diretor da Bioagência. Dos 26 milhões de toneladas de açúcar estimados para a safra atual, 3 milhões de toneladas devem corresponder ao refinado. "A NovAmérica é bem administrada, tem boa área agrícola e é uma indústria consolidada no mercado", completou Rodrigues.

 

A Açúcar Guarani, do grupo francês Tereos, está entre as potenciais interessadas em firmar sociedade com o grupo NovAmérica para evitar que a líder, Cosan, fortaleça sua presença na região da Guarani.

 

Veículo: DCI


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