A farmacêutica Sandoz, braço de medicamentos genéricos da suíça Novartis, quer se consolidar como uma marca forte no Brasil. Segunda maior produtora de genéricos do mundo, o desempenho da companhia no país ainda deixa muito a desejar - a empresa aparece como a oitava nesse segmento no mercado nacional, de acordo com levantamento da consultoria IMS Health.
Ao Valor, o presidente global do grupo, Jeff George, disse que a farmacêutica quer reforçar sua posição como produtora de medicamentos de alta tecnologia, caso dos biossimilares (versão genérica de remédios biológicos) e de produtos injetáveis, sobretudo os voltados para tratamento de câncer. "O mercado brasileiro é considerado estratégico para a Sandoz."
Esse discurso é adotado pela maioria dos executivos internacionais de grandes farmacêuticas que querem avançar no Brasil. No caso específico da Sandoz, a empresa não consegue concorrer de igual para igual com os laboratórios brasileiros que colocam muito rapidamente no mercado versões genéricas de produtos que tiveram suas patentes expiradas. Fontes ouvidas pelo Valor afirmam que a multinacional não se adapta à prática da política agressiva de descontos concedida pelas farmacêuticas nacionais. "Embora sejam do mesmo grupo, Novartis e Sandoz agem como se fossem independentes no Brasil. Desde 2006, a Sandoz trocou pelo menos cinco vezes de presidente no país", disse uma fonte. A companhia informou que segue uma política de expatriação que estimula a mudança de executivos entre os países.
Entre as dez maiores companhias de genéricos do país, a Sandoz é a única multinacional a comercializar no Brasil medicamento biossimilar já enquadrado na nova regulamentação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Nesse segmento, a empresa ainda não tem concorrente direto no país. As recém-criadas companhias nacionais - Bionovis e Orygen - estimam colocar seus biossimilares no mercado nos próximos meses.
Maior produtora global de biossimilares e injetáveis, a Sandoz comercializa desde 2011 no país o hormônio de crescimento Omnitrope. O mercado de biossimilar no Brasil gira em torno de US$ 1,6 bilhão, segundo estimativas do grupo, considerando que 66% das moléculas de produtos biológicos no mercado nacional vão perder suas patentes este ano. No mercado internacional, a Sandoz tem três produtos biossimilares e em seu pipeline possui de oito a dez moléculas em desenvolvimento, das quais seis em estudos clínicos na fase 3 (mais avançada). "A empresa está preparada para atender esse segmento com produtos de alta tecnologia", disse George.
De acordo com o executivo, a receita com as vendas de medicamentos no Brasil cresceu 29% em 2012, considerado um desempenho excepcional pelo grupo. A companhia não divulga o faturamento por país. O Valor apurou que as vendas de genéricos da Sandoz no país ficou em torno de US$ 230 milhões no ano passado. O segmento de genéricos de marca (similares) avançou 92% no ano passado.
"A participação das vendas do Brasil no faturamento global do grupo ainda está entre os 15 maiores, mas deverá ficar entre os dez a partir de 2013", afirmou o executivo. Os EUA, Alemanha, Rússia, França e Canadá, respectivamente, são os cinco principais mercados do grupo no mundo.
Com uma fábrica no país, instalada em Cambé (PR), essa unidade é considerada centro de excelência no desenvolvimento de orais sólidos, entre eles os contraceptivos hormonais. No ano passado, esta planta produziu mais de 1 bilhão de cápsulas para atender ao crescimento da demanda nacional. "A companhia contratou 140 novos funcionários para atender a maior demanda no mercado nacional", disse o executivo. A unidade brasileira absorve cerca de 90% de toda a produção. O restante é exportado.
Segundo George, a Sandoz tem a vantagens de ser uma empresa global com um portfólio amplo e novos em desenvolvimento.
Veículo: Valor Econômico