Maior fabricante de chuveiros do Brasil, com mais de metade da participação no segmento, a Lorenzetti agora quer avançar no mercado de metais sanitários. Para isso, a empresa quase centenária vai investir até R$ 100 milhões este ano para ampliar a atuação da marca Fortti, direcionada para a classe C. Com isso, mesmo diante do crescimento pífio do setor de material de construção no ano passado, de apenas 1,4%, a Lorenzetti espera expandir seus negócios em quase 14% em 2013. Mas, na contramão de outras grandes indústrias, a companhia familiar de capital 100% brasileiro não abre mão de fabricar seus produtos na região paulistana da Mooca, bairro típico da colônia italiana na zona leste.
Em entrevista exclusiva ao DCI, o vice-presidente-executivo da Lorenzetti, Eduardo José Coli, falou em primeira mão sobre os planos da empresa e de como vai concentrar todas as baterias na marca Fortti. "Nós não sentimos crise alguma em 2012. Somos a empresa mais rentável do setor de eletroeletrônicos, nosso endividamento é zero", disse.
No ano passado, a companhia faturou R$ 750 milhões e espera registrar uma receita 13% maior, de R$ 850 milhões neste ano. "No primeiro bimestre de 2013 crescemos o dobro do que esperávamos", comemora.
Ao completar 90 anos de atuação em 2013, a companhia viu no mercado de metais sanitários um nicho promissor. "Por isso, vamos transformar um dos nossos centros de distribuição em uma nova planta de metais sanitários. Trata-se de uma grande aposta da empresa para crescer nesse segmento", diz Coli.
O executivo explica que quando a Lorenzetti entrou no ramo de metais sanitários, há cerca de dez anos, sua proposta era fazer produtos mais sofisticados. No entanto, com o aumento real do poder de compra da população brasileira, principalmente da nova classe C, a companhia percebeu a importância desse público. Coli acredita que existe uma grande lacuna na oferta de produtos de qualidade a preços mais acessíveis no segmento, o que levou a Lorenzetti a desenvolver os novos produtos Fortti, em 2010.
"Criamos a marca em razão do boom demográfico que o Brasil vem vivendo e da classe C, que ainda vai ascender muito nesse tipo de consumo ", ressalta Coli. Com selo Lorenzetti, o portfólio de torneiras e acessórios para cozinha e banheiro, basicamente, tem o plástico como carro-chefe. "Usamos plástico de engenharia, matéria-prima de grande resistência", garante o executivo. Para se ter uma ideia de custos, uma torneira desse tipo tem preço sugerido de R$ 29.
Coli diz que, atualmente, a Fortti tem uma parcela considerável dentro dos negócios da Lorenzetti e é a marca de seu segmento que mais cresceu no País. "A classe C continua gastando e esta é uma tendência", acredita o CEO do grupo.
A Lorenzetti possui três unidades no bairro da Mooca, em São Paulo, e três outros centros de distribuição. Coli afirma que, como a empresa possui um portfólio muito amplo de produtos (fabrica duchas, purificadores de água e lâmpadas fluorescentes compactas), é difícil medir sua capacidade de produção. Porém, o executivo destaca que o plano é ampliar principalmente o escoamento de metais sanitários.
"A Lorenzetti vem investindo fortemente nos últimos anos, cerca de 10% a 12% do faturamento ao ano", diz Coli. De acordo com o executivo, a companhia registrou incremento de cerca de 15% nos últimos cinco anos, e no próximo quinquênio a meta é não desacelerar.
Mercado
O vice-presidente da Lorenzetti afirma que os lançamentos de produtos da marca costumam servir de "inspiração" para todo o mercado, principalmente os chineses. "Apesar de possuirmos patentes, há sempre quem queira copiar", afirma Coli. De acordo com a companhia, existem no Brasil 44,9 milhões de chuveiros elétricos da Lorenzetti instalados.
As principais concorrentes da companhia paulistana no segmento de chuveiros são a Corona, a Fame e a Thermosystem, que recentemente foi adquirida pelo grupo Duratex. Já o mercado de metais sanitários tem despertado interesse de grandes nomes do setor. Além da Deca, gigante do segmento, e de importantes companhias, como a Roca, entrantes recentes pretendem ampliar sua participação de mercado, como a Eternit.
No entanto, neste ano, os fabricantes de materiais de construção têm uma série de obstáculos a vencer para reaquecer as vendas depois dos resultados desanimadores de 2012. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), o câmbio desfavorável, os investimentos públicos que não saíram do papel e as incertezas quanto à manutenção do emprego na construção civil são os grandes desafios do setor. Apesar do cenário, a entidade está otimista. "Esperamos que o mercado cresça entre 4% a 5% neste ano", disse na semana passada o presidente da Abramat, Walter Cover. O governo estendeu, há alguns meses, a redução do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) para o setor até dezembro de 2013.
Veículo: DCI