Ambos segmentos aguardam novas medidas, como a redução de impostos sobre matéria-prima
Enquanto o governo traça seu plano de desonerar produtos que impactam a inflação, como a cesta básica, a indústria pro- dutiva, na fila de espera por uma política de redução de im- postos, se queixa da demora. “Nós esperávamos que o anún- cio saísse em janeiro. Já esta- mos terminando o primeiro tri- mestre e até agora não há uma sinalização”, disse o presiden- te da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Fernando Figueiredo.
O setor está entre as priorida- des estratégicas do programa Brasil Maior, criado pelo gover- no em 2011 para fomentar a in- dústria brasileira. O governo es- tuda redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e na Cofins para o setor. Segundo Figueiredo, pesa principalmente o valor dos im- postos sobre matéria-prima de primeira e segunda geração, co- mo o gás natural. “Dependemos definitivamente das desonera- ções. Não há como crescer sem esse incentivo”, disse o empre- sário. De acordo com ele, o se- tor nacional enfrenta uma forte concorrência de outros países, com um custo de produção 25% superior, por exemplo, ao dos concorrentes asiáticos.
O crescimento da indústria química no ano passado ficou em 2,89%, exatamente o mes- mo patamar de 2007. A taxa de ocupação da capacidade instala- da setor, que deveria girar entre 88% e 90% está rodando a 81%. “Estamos sendo atacados pela importação de produtos de ma- neira desleal”, queixa-se o em- presário. O déficit na balança, no ano passado foi de US$ 28 bi- lhões e, se nada for feito, segun- do as estimativas da Abiquim, chegará a US$ 30 bilhões.
Para Cristina Reis, consultora do Iedi, o foco das desonerações este ano deveria ser a matéria- prima, para retrair os custos na cadeia produtiva da indústria em geral. Química, no seu en- tender, é a principal, pois está presente em vários setores da in- dústria. Também recomenda desoneração em cimento e aço, além do setor de máquinas e equipamentos. “Não pode haver oneração sobre o investimento produtivo, que tem sido o maior res- ponsável pelo fraco desempenho da economia no Brasil”, diz a especialista.
Outro ramo que aguarda novas medidas para se recompor é o de tecidos e confecções, para o qual a desoneração da folha não foi suficiente. A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (Abit) estará em Brasília nos próximos dias em Brasília, com visitas que incluem a presidente Dilma Rous- seff, para convencer o governo a adotar um regime especial para o setor de confecções, o Regime Tributário Competitivo para a Confecção (RTCC), espécie de Simples Nacional ampliado para grandes empresas. “Ao beneficiar apenas o setor de confecções, o governo já beneficiaria o de tecidos, porque é o elo mais importante da ca- deia”, comentou o presidente da instituição, Aguinaldo Diniz Filho.
Segundo projeção da Abit, se aplicado, o RTCC pode- ria aumentar em 69% a produ- ção física e gerar cerca de 300 mil novas vagas de emprego no setor, até 2025, em todo o Brasil. Na visita à presidente, Diniz pretende apresentar um docu- mento que mostra a importân- cia econômica e social do setor para o país. As empresas de teci- dos e confecções são responsá- veis hoje por 1,7 milhão de em- pregos diretos, quase 5% do to- tal da indústria de transforma- ção. Gastou em folha salarial no ano passado R$ 13 bilhões. En- tretanto, o faturamento cai a ca- da ano. O setor faturou US$ 56,7 bilhões em 2012, ante US$ 67 bi- lhões em 2011. Enquanto houve queda de 4,5% na produção de artigos têxteis, setor de confec- ções recuou 10,3%. Enquanto is- so, as vendas no varejo registra- ram crescimento de 4% para o vestuário, reflexo da concorrên- cia com os importados.
Veículo: Brasil Econômico