Apesar de melhoras expressivas na receita, Ebitda e reversão de prejuízo em 2012, um indicador da JBS - a alavancagem - ainda é um dos pontos fracos no desempenho da companhia. Não à toa, o presidente da JBS Wesley Batista sempre faz questão de destacar o esforço contínuo da companhia para gerar caixa e reduzir a relação entre a dívida líquida e o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização).
Ontem, em teleconferência com analistas para comentar os resultados da companhia no quarto trimestre e em 2012, Batista disse que o "target" da empresa é fechar o ano com uma alavancagem "abaixo de 3 vezes e mais perto de 2,5 vezes". No fim do quarto trimestre de 2012, o indicador estava em 3,43 vezes, resultado de uma dívida líquida de R$ 15,1 bilhões e um Ebitda de R$ 4,4 bilhões, conforme as demonstrações financeiras.
A alavancagem da JBS já caiu no ano passado. No fim do primeiro trimestre de 2012, era de 4,3 vezes, recuou para 4,27 vezes no segundo trimestre e depois para 3,68 vezes no fim do terceiro trimestre de 2012. "Nosso foco em 2013 é continuar aumentando a geração de caixa e reduzir a alavancagem", afirmou Batista.
Além da meta de diminuir a alavancagem, a empresa também espera melhores resultados nas divisões Mercosul e USA este ano. No quarto trimestre de 2012, a divisão Mercosul contribuiu de forma importante para o avanço da receita líquida da JBS, mas as margens da operação diminuíram. A receita líquida da JBS no quarto trimestre foi de R$ 21,8 bilhões, sendo R$ 5,27 bilhões na divisão Mercosul (alta de 38,7%). O Ebitda da divisão foi de R$ 664 milhões no quarto trimestre, 63,1% acima de igual intervalo de 2011. A margem Ebitda fechou em 12,6%, acima de igual período de 2011, mas abaixo dos outros trimestres de 2012.
Segundo Batista, a margem caiu em decorrência da reabertura de unidades de abate de bovinos no Brasil. "Reabrir unidades tem custo adicional e as fábricas recém-abertas operam com margens menores que as outras que já operam há mais tempo", explicou. No ano passado, a JBS reabriu quatro unidades que estavam paradas e deve retomar a operação em outras quatro no decorrer do primeiro semestre deste ano.
O presidente da JBS reconheceu que demanda no mercado doméstico não está tão forte como se esperava. Mas não há piora. "Estamos confiantes no desempenho da divisão Mercosul este ano", disse, acrescentando que o segmento de bovinos vive um cenário favorável no Brasil.
Ainda que o quadro continue difícil em termos de oferta de gado para abate nos EUA, Batista também acredita em melhora no desempenho em relação a 2012. No ano passado, a receita líquida da divisão USA ficou em US$ 17,47 bilhões, 6,2% acima de 2011. Mas o Ebitda teve uma forte queda, de 70%, para US$ 223,9 milhões. A margem Ebitda saiu de 4,5% em 2011 para 1,3% no ano passado.
O aumento da receita na divisão é resultado da alta de preços, já que os volumes estão em queda nos EUA por conta da menor oferta de matéria-prima, informou Batista. Também contribuíram para o avanço da receita as unidades da Austrália e a entrada das operações do Canadá, que fazem partem da divisão USA.
O achatamento na margem está relacionado à baixa oferta de gado bovino, o que eleva custos de produção. "A indústria tem mais capacidade (de abate) do que matéria-prima disponível", afirmou. Mas o executivo espera que a redução das restrições do Japão à carne dos EUA e o recente fechamento de uma unidade de bovinos da Cargill possam levar a um cenário mais favorável este ano.
Apesar de afirmar que a indústria americana de bovinos tem de reduzir a capacidade instalada, Batista garantiu que a JBS não tem planos de fechar unidades nos EUA.
O empresário também assegurou que "não existe nada iminente ou em vista" para que a empresa exerça a opção de compra das operações da Doux Frangosul no Brasil. Ele fez a afirmação, durante a teleconferência de ontem, em resposta a um analista que dissera que o negócio estaria perto de ser fechado. No ano passado, a JBS arrendou as unidades da francesa Doux no Brasil por dez anos, com opção de compra.
Além da Doux, a JBS investiu em mais duas operações no segmento de aves no Brasil em 2012. Questionado sobre eventuais novos investimentos na área no Brasil, ele disse que a empresa sempre olha oportunidades em áreas que considera estratégicas, mas que não há negociações atualmente.
Veículo: Valor Econômico