Retorno do IPI em alguns produtos afetou resultado, mas analistas veem tendência de desaceleração
O comércio varejista começou o ano com leve alta, segundo a Pesquisa Mensal de Comércio, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As vendas cresceram 0,6% de dezembro para janeiro, embora o retorno gradual do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) tenha prejudicado o desempenho do setor de móveis e eletrodomésticos. Porém, economistas encararam o resultado como confirmação da desaceleração no ritmo de expansão.
Em janeiro, a volta do IPI também prejudicou o desempenho do varejo ampliado, que inclui as vendas de veículos e material de construção. O aumento nas vendas foi de apenas 0,3%, por causa da queda de 1,2% no segmento de veículos e motos, partes e peças.
"A forte antecipação de demanda por automóveis e eletrodomésticos da linha branca, ao lado do aumento progressivo do IPI, implicará um período de desaceleração das vendas desses segmentos já no primeiro trimestre de 2013", avaliou Flávio Combat, economista-chefe da corretora Concórdia. Segundo ele, a compra de automóveis em meses anteriores provoca também um comprometimento maior da renda das famílias a médio prazo.
No mês, o setor de hipermercados e supermercados teve forte crescimento, influenciado pelo aumento na renda do trabalhador e na estabilidade do emprego. A alta nas vendas foi de 1,4% em relação a dezembro.
Segundo Reinaldo Pereira, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, há várias razões para o bom desempenho do segmento, apesar da pressão de alta dos alimentos. "São produtos de primeira necessidade, e houve aumento de renda. Além disso, é início de ano, com férias, 13.º. As pessoas estão com um pouco mais de dinheiro."
Porém, na comparação com o mesmo período do ano passado, os supermercados sentiram o peso da inflação. As vendas aumentaram 3,4%, a menor expansão entre os dez setores investigados pela pesquisa. "O setor de supermercados foi o que teve menor crescimento por causa do aumento de preços. Enquanto os preços no varejo restrito subiram 6,2% em janeiro em relação a janeiro de 2012, a alta nos supermercados foi de 10,1%", calculou Fábio Bentes, economista da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
As vendas no total do varejo subiram 5,9% em janeiro em relação ao mesmo período do ano passado. Apesar de ser ainda expressivo, o resultado manteve a tendência de desaceleração iniciada em agosto de 2012, quando a alta foi de 10%. Segundo Bentes, o desempenho é positivo, mas é clara a perda de fôlego, pressionada pela inflação.
Veículo: O Estado de S.Paulo